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segunda-feira, 20 de julho de 2015

dia nove

já estou no dia onze escrevendo sobre o nove. é um exercício interessante esse de se lembrar do passado. e nem é tão passado assim. está quase perto. quase próximo. se eu fizer força sinto um cheiro. se eu observar, estou usando a mesma cueca desde o dia nove. apesar de ser hoje o dia onze.
mentira. eu troquei a cueca ontem.
eu estou com roupas sujas precisando de lavagem.
no dia nove, no dia nove... era sábado.
era sábado. sim. dormi cedo, acordei cedo. estudei. li. o computador. o único cd com músicas que tenho. our love is killing me... quanta redundância. eu li o que você escreveu.
e então?
não gostei.
sorte a gente um dia ter se amado.
por quê?
porque quando não gostamos muito daquilo que o outro nos faz, a gente entende o desgostar mais como convite do que como fato.
você está confuso hoje.
é que te ver falar, assim, tão de perto, falando de coisas outras que não do íntimo, então, eu confesso: minha mente tira a sua roupa e sente o cheiro da sua pele, só de te ouvir falar.
fico pensando se isso acontece também contigo. já faz tanto tempo que hoje você se tornou meu amigo. já é amigo faz muito tempo, porque com a gente o rompimento não foi brusco nem infantil. foi só entendimento mútuo, compreensão. então... no dia nove eu te ouvia falar, tomávamos vinho, e eu via a sua boca nua me dizendo coisas profundas e nela eu ia.
depois ia ao teatro. depois aquela platéia. antes a reunião, os risos, o sol em são paulo. um metrô, um trem, uma longa caminhada. há alguma coisa ainda não todo decupada.
esse música tocando.
aqueles olhos atrás dos óculos. olhos da moça lacrimejante.
que lindo é a solidão de um quarto de hotel. televisão, dinossauros, janta na cama, cortinas abertas para a cidade que nunca descansa.
eu descanso. tenho avião amanhã cedo. amanhã dia dez.

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