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sexta-feira, 30 de março de 2012

Rawen

Não sei desse filme sensação

Nem li uma notícia da revista mensal

Não tô sabendo das ditaduras

Nem do sangue na Líbia

(É na Líbia?)

Eu me perdi do mundo

Ouço as bandas que parecem não existir
(nenhuma veio dar seu show,

Meus convites venceram

Mas o embrulho ainda brilha
sobre a mesa de vidro
imundiça.

Queria me deixar para o próximo ano

E permanecer neste,
em cova rasa.

Carta à família que não me conhece,

Me deu vontade repentina de escrever a vocês todos. Não vou citar nomes porque são vocês. E isto não é um email. É uma postagem no meu blog que vocês sem dúvida alguma sequer conhecem. Há tanto de vocês aqui. Há o desenho turvo das burrices do irmão mais velho, há a dor de ver na mãe sempre o verso do mundo, em sua obstinada depressão. Há o amor, mãe. Há a falta e a impossibilidade – cada vez maior – de voltarmos a nos dar as mãos.

Eu fiquei difícil. Talvez seja um pedido de desculpas. Mesmo assim, temo, vocês não entenderiam. Os meus olhos abriram de um jeito que não há mais como não ver. Eu sei de tudo. Me desculpem. Eu não consigo deixar de ver. E se durmo, como na outra semana o fiz, sonho que a irmã mais nova me liga para informar a morte de todos os outros.

Cruzo os dias ciente de que a qualquer momento, a ligação que atravessará os céus me chegará apenas para informar mais uma morte. Eu me pertenci a vocês ao contrário. Desfiz o nosso laço em troca do quê? Eu não sei. Vocês não deveriam ter deixado de me ver como criança.

Eu cresci antes, mãe. Mas hoje percebo ter crescido porque você não me interpretou direito. Eu não sabia de nada. Mas, mãe, você deveria não ter acreditado em mim quando eu disse: quero ficar. E então você foi e me deixou ali crescendo, sob o domínio do meu próprio cuidado, eu definhei a um ponto que hoje não há – mesmo – conserto algum.

Hoje não há nada. Caminho com mãos soltas. Sem conseguir enlaçar meus próprios passos. Ouço as músicas leio os livros e a verdade é que nem isso me segura mais.

Quero ficar sólido de novo, mãe.

Mas aqui comigo, tudo vem solto como fosse cheiro.

A falta. A sensação de ter me despedido sem adeus. A certeza insuportável de ser diferente. E de saber que minha diferença não cabe no seu colo. Nem do meu pai. Que não me conhece. Nem em mim eu a aguento mais. Eu fiquei grande. E tô cansando desse projeto.

Cansado de me ser.

Mas ciente – de que só posso ser isso.

É mesmo tarde hoje a noite.

Sim, eu espero

Eu espero poder escrever todas as poesias que vierem depois deste momento, com a mesma intensidade que há muito foi morrida. Eu espero mesmo. Engolir as linhas e dar nó em meu desespero. Não temo resolvê-lo. Desespero que funciona de verdade sempre dá seu jeito para retornar, sorrateiro. Vem no cheiro, na luz, na água que desce por dentro das paredes através dos encanamentos.

O desespero é tão meu amigo que a gente acabou se dando as mãos. E se eu corro, ele vem atrás. Amigo mesmo. Daquele que não parece prever no horizonte dissolução.

Sim, eu espero. Que o desespero deste instante não tenha nome e ainda assim me permita vivê-lo. Não me despeça. Fique em mim. Moro comigo.

Se eu estou bem?

Não se ele não estiver aqui.

Por isso, eu espero.

FECHAR e IR

Nome feio para a sua poesia

Os olhos dizem

Antes de se voltarem para meu íntimo

Dentro de mim

Sabe-se-lá-como

Contidos.

Tudo dorme

Em mim

A energia

Os medos

Hoje os medos nem deram as caras

Hoje eu tive medo de ter acabado comigo.

Desculpem

Era um poema para falar dos olhos

Para brincar com os olhos

Para ser por ti desconhecido e lido

Fiz confusão

Morro precoce
e sem tempo
que me faça
Durar.

SOBRE duração

Não saberia dar essa aula.

As coisas em mim trabalham apenas com segundos.

Quero dizer: não chegam a completar um minuto, hora
ou coisa mais duradoura.

Minha batida acelera as moléculas ao desespero e desordem.

Tudo assim congestionado sobrevive em mim
sempre a ponto
Do falecimento.

Fale comigo
me veja um segundo
- apenas um –

E verás que sou feito da velocidade
na qual eu acabo o jogo
sem nem ter me compreendido.

Sorte, eu direi

Não se saber é o remédio mais duradouro.

É a cura mais geral
e abstrata.

Pergunte-me

O que é a força?

E eu lhe direi, com exemplo
e tudo mais.

O que é a vida? Me pergunte como se faz para fazer
Treze prateleiras de madeira clara.

Eu lhe direi. Eu vou dizer.

Sem pane sem pressa sem pausa, eu direi:

E então você me observará
Como se não pudesse acreditar
como pode um menino saber disso.

E dentro

Hoje

Eu me entristeço e culpo

Por tudo o que aprendi sem querer ter sabido.

No que foi que me transformei

Que nem mesmo a dor me assusta mais?

Meus amigos precisam ser postes

Para aguentar minha ousadia,

---

Quantipassivo

Cansei de contar

Mentira

Conto (em silêncio)

Tentando me privar desse vergonhoso reconhecimento

A saber: de medir a vida
como isso pudesse me dar controle
Me pudesse fazer sentir um pouco

O menos.

Estou contando lágrimas.

Quantas eu quedei?

As lágrimas caídas

- e anotadas –

São convertidas em vitória.

Do quê?

Me perdi o sentido.

Contei tudo
até o que não deveria ter sido
Dito
Isso

Esse absurdo

A ele sobrevivo ambíguo

Conta o que me desconta.

segunda-feira, 26 de março de 2012

dilema.

quero urinar

quero terminar

o café estala na cozinha

quero mudar a faixa

quero escovar os dentes

quero trocar a pele

quero rebobinar o dia

quero não ter mentido

quero esquecer que menti

para poder me dar um tempo

apenas só

comigo.

Novo espetáculo do Inominável estreia em abril

Espetáculo com inspiração no livro Precisamos falar sobre o Kevin, Sinfonia Sonho estreia no Rio de Janeiro após participação no Festival de Curitiba

A companhia carioca Teatro Inominável traz aos palcos o seu quarto espetáculo, dando continuidade a pesquisa do coletivo iniciada em 2008. Com SINFONIA SONHO, apresenta a história de Kevin, uma criança de nove anos que de súbito se torna alvo de um desejo: o de se tornar música, por conta de uma peça teatral que começa a ensaiar em sua escola. Inspirado nos recentes acontecimentos envolvendo o massacre de crianças em espaço escolar na cidade do Rio de Janeiro, o espetáculo visa trazer a tona um olhar mais atento e responsável sobre a infância e, por extensão, também sobre o futuro. A peça estreia dia 13 de Abril, às 21 horas, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Rio de Janeiro.

Sinopse

Criada a partir do massacre de crianças numa escola municipal em Realengo, SINFONIA SONHO é uma tragédia que lança luz sobre a infância e, por extensão, sobre o futuro. Em cena, uma criança de nove anos, Kevin (Márcio Machado), é tomada pelo desejo de se tornar música, por conta da peça teatral que começa a ensaiar em sua escola.

Para saber mais sobre o espetáculo, acesse o blog: [http://oantiedipo.blogspot.com].

Serviço

SINFONIA SONHO – no Festival de Teatro de Curitiba
Quando: 06, 07 e o8 de abril (Sexta 15h, Sábado 18h e Domingo 21h)
Onde: Teatro José Maria Santos (Rua Treze de Maio, 655, Centro – Curitiba/PR)
Quanto: R$ 20,00 (Inteira) e R$ 10,00 (Meia-entrada para estudantes, idosos, deficientes físicos, professores da rede pública de ensino e menores de 21 anos, devidamente identificados)
Classificação Indicativa: 16 anos
Duração: 90 minutos (sem intervalo)

SINFONIA SONHO – no Rio de Janeiro
Quando: De 13 a 22 de abril (Sextas e Sábados 21h, Domingos 20h)
Onde: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto (Rua do Humaitá, 163, Humaitá – Rio de Janeiro/RJ)
Quanto: R$ 20,00 (Inteira) e R$ 10,00 (Meia-entrada para estudantes, idosos, deficientes físicos, professores da rede pública de ensino e menores de 21 anos, devidamente identificados)
Classificação Indicativa: 16 anos
Duração: 90 minutos (sem intervalo)

Quanto mais longe

Mais me sinto nisso envolvido.
Estômago embalado por finas linhas
Rins supra-exigidos
Aos rins cabe a digestão
Destas rimas.

Talvez noutro momento
Talvez com outra formatação
Mas por agora
É meu corpo apenas
Elástico a concentrar
Revoluções
Por hoje
É apenas meu corpo dizendo ao mundo
- Você ainda tem solução.

sábado, 24 de março de 2012

Meu Estar

É para o mundo
Nada meu é meu para outra coisa
que não seja isso.
É para o mundo
O toque
O arrepio
Tudo isso ao mundo regressa
Eu sou estrada através da qual
Vem o mundo
E se re-
orienta.

Especial. Sim. Sem medo
Ou receio de parecer imenso
Exagerado e pretenso.
É para o mundo
HOJE EU DESCOBRI
é para ele meu tudo isso
minha graça e medos.

Excedo-me porque o que trago comigo
Clama sempre a divisão.

É para o mundo.
Ele dura.
Eu não.

domingo, 18 de março de 2012

Trunfo

É saber do mistério que envolve a criação. É descobrir-se fazendo em meio à confusão. Pausa. Um pouco. Não quero parecer jovem demais. Nem demais muito louco. Falo. Desejo. Falo do verbo dizer. Especulo. Invento. Tento validar nossa busca modificando sua direção e sentido. O que é sobrevive distintamente sobre ou sob o risco. Indifere. E se fico é ainda porque me circula a possibilidade desconhecida. O mistério. A fome. A busca. Oh.

sexta-feira, 16 de março de 2012

irrevogar

nada novo

hoje o amanhã é o ontem

e tudo resta em nada
definido.

paciência

eu me percebo tranquilo

sinceramente, nada poderia
se sobrepor a mim

eu exijo meu corpo
neste tempo
aqui neste
lapso.

nada será belo
se soubermos o que é isso.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Você que eu não sei

Me observa
E hoje faz tanto calor.
Atrás de mim
Você se move e eu sinto preciso
Seu olhar perfurando
A minha escuridão ensaiada.

E se nos dermos um oi
Apenas um
Breve acenar aperto de mãos
O prazer do oculto
Derreteria e saciaria o tormento.

Você que eu não conheço,
tem que ser assim:
incompleto desse jeito.

segunda-feira, 12 de março de 2012

it shines

it shines
it goes and hide
it makes
me real and high
it burns
but it's all
it's all right
'cause i...

when night come over space and time
when dark fill up my body and mind
then i just think we should try one more
try

when night come over space and time
when dark fill up my body and mind
then i just think we should try one more
try

it shines
it makes
it burns
but it's all
it's all right
'cause i'm
i'm to horny baby to say good bye,
 

domingo, 11 de março de 2012

Talvez uma palavra apenas

seja capaz de me segurar
na ponta desta linha.

Feito ponto eu me faço nó
e persisto.

Por que haveria de ser fácil?

Por que deveria tudo isso ser lindo?

A vida tem sua força se destruindo
não cabe a mim me impressionar
Deixe os bichos miúdos e invisíveis

Comerem-me inteiro e com prazer

Eu volto por sobre eles
nem que seja para me perceber sendo comido
e indo
Sempre indo

Eu hoje amanheci triste
mas é só isso
Deixa esse vento passar por mim
deixa essa dor me costurar plena
o íntimo

Eu volto
Num momento outro, quem sabe
Eu hei de voltar
pior e em dor nutrido
Eu volto para dizer que não há nada mais especial
do que não ter importância alguma

E isso não é bem o que eu vivo

É só como acredito

Não tenho que provar minha força
porque se for preciso

Eu te carrego aqui
sobre mim
e todos esses desassossegos.

sobre o papel

Estrago-me sobre o papel
para quando puder me ver através do espelho
Já não tenha tanta graça
me fazer despedaçar.

___

Hoje, nasci errado

Estou pronto para não dar certo
já sei como é isso
Isso é bem do jeito que já me faço.

Não há dúvida
basta querer demais
e se saber digno te tal merecimento
Por tudo isso
nada seu virá bailando junto ao tempo

Ficarás sozinho como aguardente
à espera do álcool capaz de finalizá-lo.

Você fica
O verbo cruza a esquina
A potência adormecida do céu
se impaciente e anuncia
Vai chover
mas sobre você
resta os muros dormidos
resta os mendigos caídos

Você não tem abraço
nem canção na qual se safar
Você nasceu num dia em que as coisas todas vão dar errado
Justamente para que o mundo amanheça
desconfiado.

Você hoje é um desperdício e talvez amanhã
de novo venha a sê-lo.

Você nasceu para ver o mundo em desencaixe
sem força quiçá tônus para mover-se
sobre sua pena
sua fraqueza
e auto-
piedade.

___

Eu não saberia de nada

se você não me dissesse

Eu nem sei dizer esse verso
Se você não estiver aqui

A música não toca
Não toca mesmo
Não é charme
É dependência

Boa

Que consome

Que se vai e retorna
novamente
cheia de força
e desespero.

Eu não saberia dizer dos meus olhos
da imprecisão das palavras
Não saberia isso de versos
isso de idas tentadas
de tentativas desistidas
e não-coaguladas.

Sem você meu recreio terminaria sempre mais cedo.

Sem você eu seria de fato
o exemplo mor
de homem ao
meio.

Sem você, eu não teria durado tanto tempo.

eu nao saberia de nada

Sem você, eu já teria partido
plasmado num tempo longínquo
e passado.

O câncer teria me vencido em primeiro
Depois a falta teria me consumido até o fim
Sem você, essa poesia toda
teria sido desde os inícios
o próprio fim.

Mas não

Você ai
distante onde mora o distante
Me faz ser alguém que não cessa a testa
não cessa a dúvida
não cesse a tentativa
novamente
sobre este
e outros vários instantes.

___

nunca tentei, é verdade

Mas se hoje me perguntar
será que responderei a verdade?

Há vontade?

Haveria empenho?

Seria isso mesmo

para ti

alguma solução?

Tenho a sensação de que ainda assim seu estômago te abraçaria e faria sutura

Tenho a sensação que os cabelos lhe fariam rede e voo

Tenho a sensação que o cimento

O abraçaria feito fosse

Apenas pássaro jovem

E medroso.

Deus, por que se aprende certas coisas
antes de se saber jovem e bobo?

nunca tentei

R E N D E R

Por que tanto tenho pensado nisso?

render

Tanto horror já acontecendo
e eu brincando de ser gente
também falando nisso.

Queria me esquecer hoje
inteiro, atrás da porta do armário
Queria dormir entre desinfetante
e óleo
queria amanhecer ciente
de alguma beleza nascida aqui em mim.

É fácil se esquecer.

É tão fácil se perder de si.

É tão óbvio escrever essas linhas
e mesmo sem se resolver
se lançar sobre o colchão
fechar os olhos
e dormir.

Queria hoje
se possível
a quem quer que seja
sair para ver as estrelas
como nunca antes
fui capaz de vez.

Me faz mal

Especular outro caminho possível

Sim, sei amar possibilidades

Mas me dói toda vez que o jogo é sobre o meu destino

Não queria ter outro destino que não esse

E se me olho

Um instante

Sei que vou morrer

Neste caminho pernicioso no qual me lancei sem rede

Nem freio.

Um amor, talvez

Talvez um amor pudesse me frear

Me fizesse ficar

E me fizesse aprender qualquer coisa que não fosse apenas

Este esquecimento.

O jogo segue

A pista se move

Meus olhos pesam

Eu queria ter dado certo

Mas sempre é tarde para desistir
Sempre é cedo demais para morrer

Gangorro-me

De mim quem sabe

Até você ai

Ter dado certo não é bem isso que se vê por ai

Ter dado certo

É simples

A ponto de se perder a medida.

me fez mal

Só isso

Você pode nem estar comigo
A cadeira pode não ter cinto
A carteira estar vazia
pode o mundo não ter me recebido
Eu fico nisso
entretido,

crente no amanhã feito ele fosse
flor embrulhada.

Eu espero.

Eu posso esperar.

Eu aprendi isso na escola.

morno pegajoso

A mãe dorme sobre a cama de baixo
O filho logo tão cedo
já está louco:

Ele não compreende como se dá o seu amor pelas coisas.

Arroto
ácido e longo
Quis morrer ontem, mas acordei
neste hoje deprimido
Quis morrer anteontem
mas sobrevivo ao julgo

Sobrevivi ao crivo.

Deus, está difícil até o finalizar-se.
Está difícil até mesmo o se pôr fim

morno pegajoso

Volta ao meu não-esquecimento

Queria

Se possível

Reinar inteiro

Reinar sem remendo

Ficar e ficando me abster de ter que ser outra coisa que não hoje

Essa lamúria

Deixa.

Eu fico nisso investido

E aos poucos o saltar linha

É obedecer a um ou outro limite

Inventado e louvado

Eu preciso.

Eu hei de precisar,
saber ficar inerte
mesmo quando o baile quiser

<KENOX S630  / Samsung S630>

Arruinar-me.

sábado, 10 de março de 2012

gosto tem

não poderia dizer indiferença
resta um gosto sem explicação
mas que consome
que chama e pede
fica. dorme aqui
comigo,
fica aqui
no reino da morte.

eu poderia ter ficado
não foi dessa vez
meu corpo tremeu e fez canção trepidante
bateu-se em dentes
tremeu-se todo
sonhou olhos virados
e aceitou sem enfim
corpo sede ao desespero.

mas voltou
voltei
pelo sangue voltei trotando lento
voltei pensando que talvez fosse escândalo principiante
pensando que alguns amores devam ser por agora mais sinceros
devam ser por agora
amor ausente

não quero mais

não me gasto mais em qualquer esquina

disso fica meu corpo solitário tentando se ser rima

disso

fica meu corpo solitário

sem bibliografia.

---

e se eu fosse

o que de mim ficaria?

seria a lembrança
alguma tristeza
alguma confissão
não todo ouvida?

o que de mim ficaria aqui retinto
e protegido em meio a noite?

que tipo de objeto meu?

que tipo de falta minha?

minha música
(que hoje esqueci)

qual música minha
me diria assim
se um dia
de súbito
eu partisse?

sem premeditar o segundo
me vejo em descompasso
volvendo ao que fui de mim.

me desencontro
me deixo de ser
se constrói
se constrói tanto
mas afinaL
para quê?

a pele agoniza

os passos pendem pendulantes

o silêncio é quase que inédito
a incapacidade hoje deste corpo
nos consome

eu poderia ter partido, mãe
e você nem sequer teria chorado meu corpo vivo
eu poderia já ter ido
e nisso há uma paz

que eu ainda desconheço.

deixai-me morrer

a carne existe não para lutar pela esquina
minha carne existe apenas
para o jogo improvável
de morrer assim de súbito
numa tarde mal
resolvida.

eu já poderia ter ido.

com ou sem sua autorização, mãe
eu poderia.

quarta-feira, 7 de março de 2012

É bem isso

Nem sempre virá o toque
Nem sempre cessaremos a fome
Você me olha pedindo por favor,
fique
Mas eu não posso
A vida que me tenho inventado
solicita a mim
Constantemente
trajetos que até então
só ousei esboçar.

Não, mãe, eu hoje não posso.
Não pode?
Não hoje.
E amanhã?
O amanhã é tão sem destino quanto o ontem.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ser Quem Ser All

It does not matter
My steps are already done
There is no fresh air
No fresh wind too
But here I am
Crossin' streets thinking not only about me
Neither only about you

I'm here thinking about my skin
that flies away in this
Died Afternoon

It is full of life
I could go
I would be fine
Because here I am
To say bye world
To say bye bye

Breathing polution
Burnin' fingers on free rocks
Here I am Again
Trying no more understand.

Wish I Could Have Done-me Today.
Wish I Could.

economia

torrente imensa
fluxo linha e agulha
que consistenta
e desorienta.

um instante,
eu vejo o garçom
e miro seu olhar.

ali descubro,
precisar me economizar.

pois se tombo em cada curva
feito rio desenfreado e
constante
é só porque não sei ser menos

não sei hoje
ser pouco menos
que ontem.

e persisto
tentando sempre a linha
do possível
tornando a vida ciranda infeliz
de sucessivos e sobrepostos
feitos incríveis.

não.

por favor, eu me peço.

façamos de outro jeito.

aceite neste fim de verão
ser o segundo
o sétimo
quiçá
último,

aceite-se ser menos
que é nisso - induvido
serás tudo (aquilo
que precisa de ti
e da sua
explicação).

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