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quinta-feira, 29 de junho de 2023

enquanto a enfermeira não chega

O paciente pensa sobre vida e morte
Sobre como seria a vida como seria a morte 
Ele se pergunta o paciente enjoado
Enjoado 
Enjoando
Enjoante 
Enjoativo

logo eu

Que dizia que não queria estar enganado logo eu veja bem agora ansioso por ser equivocado por não ver ansioso por não perceber que a vida anda mesmo meio que caindo aos pedaços

Antes eu dizia quero estar lúcido quero ver tudo não quero ser enganado quero saber das coisas isso é estar vivo é ser responsável mas agora honestamente

Queria esconder-me esquecer-me fugir e desaparecer queria ainda seguir vivo mas sem ter que comparecer queria não te lr dores nem doenças nem trabalho nem sua ausência queria não ter que usar moedas 

O vil metal

Não, hoje eu preferiria estar todo enganado

o tempo até dar-se tempo

Gasta tempo
Até a cabeça do corpo
Dar tempo ao corpo
Inteiro

Talvez funcionasse melhor
Se fosse tudo por esquecimento 
Esquecimento esquecimento 
Talvez

Esquecesse um pouco tudo
O que venho pensando esqueceram 
De pensar na morte foi assim 
Que ficamos vivos 

Tudo por esquecimento. 

terça-feira, 20 de junho de 2023

Terapiei

Uso a terceira pessoa pois
Não há usura maior do
Que usá-la, a primeira 

Entre roxas cebolas e largas
Afiadas de facas já nem sei
O sentido desta vida que 

Havia se perdido. 

Sigo amolado, pisando e não 
Celebrar o seu dia de hoje 
Diz menos sobre ti

Do que sobre o tempo 

Paira

O desejo de abocanhar tanta
Angústia e fazê-la sofrer você 
Me diria que se trata de

Depressão eu diria é mesmo viver. 

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Não falso deus

Ainda assim a prece
Ferve o pranto e trans
Parece que brota a sua
Fé ela cresce que cresce 

Obrigado, eu digo a mim
Mesmo, ora, por que não 
Celebrar essa trôpega e
Ultrapassada agonia não 

É novidade alguma não 

Demorei tanto meu amigo 

Atenção boa mesmo ele 

O tempo você comprou 

O pó para fazer gelatina

Obrigado. 
 

Ao fim deste dia

Escrevo para me enganar
Na esperança de crer, enfim, 
Que o medo que me abate 
Terá fim. Sim, que fique pois

já já haverá de partir. 

Engano meu ou eu
Todo enganado, por
Uma noite desejo 
Com sede ser

enrolado

num edredom fino

da infância cheirando

a mijo tenho saudade

de o medo ter sido apenas

do escuro. 
 

onde até

Disse-me a doutora Vânia
Uns segundos de prosa e
Desde então é como se a
Despedida minha desse
Mundo tivesse começado. 

A inibição que sinto ante
Este mundo me tornou
Amante exclusivo do medo
O medo
O medo

Meu forçoso amante
Meu contínuo companheiro
Que sou eu sem ele? 
Posso ser alguém
Sem sê-lo? 
 

Distraído

Quando adenso demais esse medo do mundo
ESSE medo que me transforma 
Vejo-me dependente de cá escrever 
Estas tão bobas e tão fáceis 
Palavras 

Talvez um dia eu possa dizer ao mundo
A estas pessoas
Dizer a elas que perdão, eu era
Uma pessoa boa, mas o medo
Tirou tudo de mim
O medo ocupou todo o espaço 

Se terá sido uma vida triste? 
Desconfio ser pergunta
Irrelevante 
Mas pouco a pouco 
A vontade mesmo é a de
Não continuar 
 

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Também as máquinas


Elas passam hoje pela rua
Mesma em que passaram 
No antes de ontem. Também 
As máquinas repetem o jogo
Não apenas você, não somente 
Você, fique atento.

Pode ser que a planta ao
Amanhecer precise fazer o
Mesmo gesto de outro antes 
E está tudo bem, tudo bem, foi
Você quem inventou ser
Preciso ser inédito. 

A vida está cheia de sem
Gracices porque, diferente de ti, 
A vida sabe que estar vivo não é 
Marketing nem propaganda, veja, 
Pare de reclamar que deveria ser 
Outra coisa quando você insiste

Em ser o mesmo.