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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O que mudou?

Um tremor leve
Quase um desespero
Não sei mais o que acontece
Deixo? Fujo? Fico louco?
A proximidade dos corpos
A distância entre eles
Mesmo lado a lado
Nesta cama
Chove agora e eu te olho
E em seus sonhos, sinto,
Você dança. Você dança.

Te olho, silencioso,
Querendo te acordar
Para dizer que estou de saída
E que ao voltar podemos nos desencontrar
Você desperta assustado
A baba escorrendo pelos lábios
Você é tão lindo
Ainda poderia te amar
Mas não sei, não sei de nada.

Algo mudou? Dei um basta
Na nossa relação, mal resolvida
Dei um basta e um mês depois
Cá estamos
Experimentando a possibilidade
De estar junto sem estar firmes
Algo mudou?
Suspeito que não
Suspeito que eu, fui eu,
Eu precisei mudar algo

Um dia de cada vez

Deixe o silêncio existir sem nada que nos ajude a aguentar o fardo

Não imagino nada, não posso,
Não quero

Deixo que você parta

Ainda incapaz de sustentar um beijo
Sem se tremer inteiro
Inteiro

Estou por aqui.

domingo, 4 de agosto de 2019

oh, poesia

pensando estava
que nosso encontro
se deu
faz tempo

reconheci
que você entrou
famigerada
quando estive mais perdido
e encontrado

na dor
você me flagrou
reunindo cacos
estava eu lá
e você toda olhos
como quem aguarda

passaram-se décadas
ou mais?
o tempo saiu do nosso esquema
você me vinha já sem alarde
eu ou você
nós dois, talvez
coisas singelas
e desnorteadas

em ti e por ti
vaguei o mundo
tornei vagos
todos os medos
vigorosos
foram aqueles verbos
que me contaram
o que em mim
era segredo

hoje quando chove
hoje em meio a chuva
passo os olhos na pele
e exclamo saudoso
a própria cura

oh, poesia
que seria de mim
se não fosse eu sua?