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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

diálogo

o que foi?

não posso dizer que estou cansado

por que não?

porque eu estou
muito
cansado

você tá com soluço?

também

isso é novo

não é
acontece toda vez
que eu bebo gelado rápido

entendi

pois é

não quer conversar, né?

não

tudo certo

mesmo?

não

por quê?

eu já não sei
se o que você diz
sou eu
ou você

nada não

só a vida
esfregando a mão

em mim.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

frustração

não
por favor, não
não lance ao amanhã
os seus desejos
deixe-os aqui
ao nosso lado
correndo o risco de morrer
e/ou virar coisa outra

o mais lindo é isso

eu te vendo como quem você é
você me vendo como quem sou

e no meio
os dois lutando
para não deixar os orgulhos
os egos
tudo inflamado (claro, é calor!)
destruirem o que nos une.

que bobeira

que drama

que bobeira

que drama

não consigo pensar em outra coisa
a não ser a mesma de sempre

te amo
(e isso é tudo
isso ainda é
tudo).

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ouço teu som

e é alto
estridente
dói-me os ouvidos
mas dentro
soa apenas como afago

empenho seu
esse de roncar
tão alto

nunca ousei duvidar do seu amor
mas ao seu roncar
sei-o por inteiro

amor

um casal não se separa por causa do ronco
isso é coisa de publicidade

amor

o seu ronco
é cor maior
que desenha imaterial
o abismo
de nossos laços

durmo contigo
em voçorocas
destemido

eu deito sobre o seu peito
e no seu barulho
faço abrigo

não deixe de roncar,
eu te peço

a nossa perfeição maior é essa
fazer barulho
e expor o íntimo
tal qual arrepio sem fim

longo

tenaz

e duradouro.

 

para joão pedro madureira.

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