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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Feto

DIONISIACAS_FLYER_COLOR copy

Filho em gestação, mas já dando as caras!
Veio para salvar um casamento. E conseguiu.
Só digo uma coisa dele: abusado!
\\

terça-feira, 27 de setembro de 2011

E SE SE

se poeto
nem é que esqueço do mundo
mas parece que o embalo
pra viagem

se poeto
é porque você tá em mim
imerso
ou porque por hoje
será o você

apenas este verso.

se poeto
nem é que não tenha o que fazer
mas é só que o íntimo
agoniza
e eu percebo.

se poeto
é porque eu hoje
não terei mais jeito

então
sendo assim o fato

é melhor que seja solene
todo este embaraço
que venha em rima florido
envolto em nebulosidades
que venha sorrindo letras
e cuspindo hífens-pontes
intensidades.

se poeto
é porque me ponho
por uns segundos
que seja
em abandono.

que no fim

resta segundo exato para perceber
que a poesia acabou
e que ela não depende mais de mim
para viver.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

é lindo de morrer

essa disposição
ao impossível

sim, ela mira
e então tudo
pode
enfim
acontecer

o imprevisto
o irresoluto
o estranho
e
o sinistro

há nela uma disposição ao incrível
também
e à luta
sem força
ou comedimento

eu espero
aguardo
ansioso
aguardo ereto
e distinto

aqui estou,
ela me olha
e pronto
meu corpo
dança

que pode haver, meu deus
nessa configuração
não-ensaiada?

pode haver amor
ou seria só
o desejo
puro e traiçoeiro?

não se pode saber
nem se confiar
se a dúvida sobre
foi o que lhe veio
primeiro

tens que ser direto
e sempre inteiro
sem remendo
nem arremedo

você vai e ela vem
simples desse jeito

ele foi?

aguardo
ansioso

desoriento
o olhar
desanuvio
o tato
viciado

desligo o telefone
e estou de novo
sem dar pista
ao seu lado,

ser alado.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fenda

Pomposo
desoriento
o sentido

Não posso
nem quero
rimar meu tiro
com umbigo

Charmoso
fachado a
dor maior

Oscilo
tremeluzindo
entre a ira
e o verter-se
em pó

Não sei
nem saberia
dizer

Acontece que hoje
hoje apenas
o dia amanheceu
belo
e sem ti
por perto

Creio
sendo assim
que hoje
sou inda mais
esperto

Eu ainda acredito em mentiras.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

MARACUJÁ

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i made you

se sentir assim
como é possível
que o que eu tenha
guardado
aqui
seja assim tão rude
tão vil e propenso
ao ruir?

eu me olho
agora lento
nu e entregue ao tempo
eu me vejo
aqui
e contemplo
sobre a minha pele
a sua tentativa
de não-esquecimento.

eu sou terrível
sou errado e contra-
fluxo.

vago perdido
buscando certezas móveis
onde haveria apenas
seu sorriso
e sua confiança.

eu cresci
e quanto maior
quero ser
mais
criança.

não quero a exigência
o prazo
o tempo pré-
estabelecido.

queria o susto
o seu soluço
o meu arroto
a mover
montanhas
e mudar
nuvens de lugar.

amanhã tem um prazo
hoje outro se perdeu
e o meu coração,

como faz?
como se faz
pra ser
aquilo
que se intui
já se ser?

Nó.

Nó.

No dá.

Nodal.

_____

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Querer Gelar

e ficar quente
guardado
no centro da sala de estar

Querer morrer
mas sem partir
nem sofrer

Querer sorrir
mas sem esforço
nem despertador
quiçá alegria

O que eu quero para o amanhã de manhã
é apenas calma café e uma controlável
rotina

Nada demais
quero ser prático e econômico
Eu, Amanhã
quero me ser quando me sou só eu e meu abandono
sem muito cuidado
sem muita atenção
sem muito desejo
respirando pouco
batendo pouco
o coração.

Eu cansei.

E não quero que isso seja motivo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

bateria

é rápido
não vai apagar
no máximo
virar cinza
no máximo
vou rir
ruborar-me
chorar
tudo bem

vai passar

e lá distante
olharei saudoso
e em refúgio
contido

faz parte do meu show
esse horror.

\\

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Pessoal e Intransferível [ou] ESSêNCIA

Quer dizer. Eu perdi a paciência. E então a coisa se revelou com horror e sinceridade.

Quer dizer. Eu estou nessa idade. Em que confio nas próprias pernas e consigo andar sozinho.

Quer dizer que eu não sei o que isso significa, mas a cada passo, eu interpreto o todo.

Sem me ausentar.

Eu não quero não me cansar daquilo que me cansa. Eu quero explodir. Eu quero matar. Eu estou com uma ira, profunda, desmedida, doente e feia. Ao mesmo tempo, essa ira que me consome e também me faz, não é ira jovem – eu passei dessa idade, ela não é passagiera – essa ira é meu íntimo, é meu respirar, minha batida e minha insistência.

É a chave. Para desanuviar a vista e explodir novos horizontes.

Eu tenho medo? Eu não tenho. Isso não me faz melhor maior nem mais forte ou mais grande. Isso me abre ao erro. Me abre ao desconhecido. Isso me abre ao mundo, sim, ao mundo e frente a ele eu digo BEM-VINDO.

Porque sou eu quem vai fazer a reverência. Foda-se. Cansei. Tô esgotado. Não quero mais essa moleza e essa facilidade de se convencer do contrário. Desse compadecimento cheirando à burrice. Desculpa. Não dá mais. Não posso mais me forçar a achar lindo o abominável. Não dessa forma. Não quero. Não posso. Não vou. Não. Não. E não de novo.

Eu me olho agora. Com a coluna doendo, escrevendo cada frase como se eles tivessem porto. Não têm. Elas estão soltas e não querem significar nada exceto este íntimo, meu, aqui, intempestivo. Você não sabe. Você nunca vai saber. Aquilo contra o qual eu grito é problema meu com o mundo. É problema meu com você (todo e qualquer você).

É síndrome de qualquer coisa? Pode ser. Queres me nomear de egocêntrico egoísta egóico ego? Vai. Manda ver. Pode me dar os seus nomes porque contra eles eu te ofereço o meu sorriso. Eu te ofereço essa angústia que me dobra e consome. Eu te ofereço em mim a minha noção do que é um nome.

Foda-se. Parte II. Onde estão meus parceiros?

Comparsas?

Mundo estranho. Mundo lisonjeiro. Mundo escroto e sempre, claro, sempre em devaneio.

era pra ser aquilo que não poderia ter sido

como faz então se eu perco a noção de meio, se eu perco o processo e me afogo neste rio
c     a u          da   L          o so     da decepção?

Comigo não, Violão.

Comigo não.

Saio abrupto para o dentro compartilhado. Crio cabana, crio ódio horror e o fato, concreto, de que a existência dura pouco e é neste pedaço de nada que a coisa acontece para, enfim, já já – eu sinto, eu sei – morrer!

acorde

eu me dizia. me vendo ali deitado e sonhando com as possibilidades que em vida, eu jamais, eu nunca pude, eu não saberia. já era dia e eu ali deitado. o som no quarto ecoando o despertador, dizendo tudo ao contrário, dizendo venha, vamos, acorde, corra, está na hora. estava tudo errado. eu querendo dormir e no entanto eu a mim mesmo insistindo estar vivo, insistindo você precisa ficar acordado.

fazia muito tempo que eu não me sentia tão incapaz de alguma coisa. tão incapaz de começar um movimento e de completá-lo. fazia tempo que eu não me sabia tímido e inexpressivo. que eu não fazia ideia do que era deixar de ser alguém querido. deixar de ser amigo.

e então ele se ergueu. ele se viu em mim confundido. eu olhei seu corpo. eu tossi. eu fiz assim com as mãos. seus olhos se moviam lentos e pediam para o corpo, por favor me dê abrigo. ele riu. pensou nela. eu sei que pensou. ele pensou nela que há tanto já tinha se ido. ele pensando se tinha como se ir de abrupto.

e eu aqui ainda assim pensando que se eu cessar de pensar eu talvez também venha a cessar com a minha noção de eu mesmo. com a minha noção de eu existo. cogito. busco. o corpo range. eu sei. hoje eu queria ser ontem outra vez. não. nem isso. hoje eu queria ficar suspenso. a pele lavada. no varal. tomando sol vento e incapaz de ser enfermidade.

nada. descaso. incapacidade. desejo de sumiço. como pode se criar o que se cria sem se perceber o que é isso. eu perdi o controle. eu me apaixonei pelo tempo. eu fui eu fui e me perdi. eu hoje escrevo essas palavras e a janela a minha frente está lacrada. é melhor que fique assim. eu sou uma mentira.

eu hoje não sou nada. mas por favor, me desacredite. porque eu tenho muita força. eu tenho uma bondade que não se encontra em qualquer lugar. eu tenho alguma coisa que sequer se divide. por isso eu resto hoje aqui dentro de casa quieto e mudo ouvindo um violino de mentira.

eu hoje resto ouvindo o vento. eu resto pegando pesado. sendo quem eu sou. sendo eu mesmo. eu não quero aliviar, eu quero concentrar premer e aceitar o risco. eu não quero dar certo eu quero abrir meu peito e me ver nisso investido. eu quero a sua parceria, mas a sua parceria me cansa. e então eu quero voltar mas tá tudo tomado. os caminhos se perderam.

eu fiquei velho. eu estou atrasado.

longe, no céu, alguma coisa a mim se alumia.

eu uso essa palavra estranho, eu uso isso fora de moda, eu hoje não queria me ser. não queria estar me sendo. mas, deixe despencar. tudo, sem receio. o meu interesse pelo mundo transforma a minha dor e desespero em recreio. em tinta. e nisso,

amanheço amanhã amolecido pelo amor
meu
sobre toda e qualquer tentativa.

eu não existo.
isso que eu tô escrevendo não é minha história.

é apenas música
muita música
que falta ainda
ser tocada
música que falta ser movimento
e quando assim ela for
vento
fúria

horror e tormento

pronto.

serei vingado.
eu me vingando de mim
para não me convencer
do contrário.

_

eu sei que eu tentei

e mesmo assim
sempre o tempo
revela ser pouco

cuidado, em primeiro
depois não dedicação
nem afeto
nem disponibilidade

quiçá esforço

faltou primeiro pausa
para respirar o momento
e fazer do segundo
queda
abandono
e só então
jogo.

hoje resvalo
precipitado sobre doses
de cafeína
em tubo
ou copo
hoje eu precipito
vendo de novo a mim mesmo
porém
tão mais corrido
tão naufragado.

se soubessem o que tenho feito de mim
se soubessem do abandono ao qual me tenho lançado
talvez a poesia em mim
se fizesse plena
sem metáfora incompreendida

sem rima que excede
sem esperança amena.

não.

eu sei que tentei.

mas os títulos nem sempre carregam consigo o corpo da canção.

eu sei que tentei
e mesmo assim
por que não?
se reconhecer falido
falível
cansado
e de si ausente?

eu fali
eu perdi
eu estou doente

mas ainda aqui
meio com sorriso póstumo
meio com a coluna dobrada
e dilacerada

eu aqui
meio indigente
cesso de vez
essa chateação
ruidando
eu me escuto a mim mesmo
e me devolvo à possibilidade plena
de ser lindo
e sujo

de ser ópio
e putrefação.

\\

sábado, 10 de setembro de 2011

para J

não sei quem é você
é só que amanheci tranquilo
e aqui neste blog
encontrei um comentário seu
escrito ser lindo
de morrer.

fui reler o que havia escrito
e nossa
como era exatamente o que eu precisava
para fechar outro ciclo.

agradeço a sua atenção despercebida
ou sua intenção transmutada
em possibilidade efetiva
morna
e tranquila.

é lindo porque dói.

a dor no entanto é também um convite
para bailarmos juntos
todo e qualquer
desespero.

obrigado por me lembrar.
obrigado mesmo.

\\

ovos mexidos

ovos mexidos

cores sobre tela virtual, 640x480pixels
10 de setembro de 2011
paint brush

new down

uh uh uh uh
fish in my mouth
words so far
around
it’s a new down
it’s a new
way
to cross darkness

smoke
fire sign
kitsch or
whatever she
wishes

ask her
you’ll see
she’s a bitch
she’s a choice

i cannot with
it’s a new down
called
sex disease

estalo

e o cheiro
esvoaça inteiro
sem medo de
ser putrefação
airada

palavra nova
destaco o jeito
pelo qual
a sua presença
me avassala

sem ponto
eu tramo
inconstante
o rumo
que não pode ter
a nossa estrada

e pisco
em neblina densa
o amargor
desejo
que virou
esse ofício
essa auto-
ameaça.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

limítrofe

escorre
pede pleno
quero morte
mas fica
retido
na beira
ele permanece
entre ser indo

e ser ido.

eu olho
adiante
é noite
luminosa
brilhante

voam-se
libélulas desenfreadas
dentro no íntimo
sempre dentro
sempre no íntimo
a poesia vira prosa

e o verbo
instaura
canção.

que pode haver de mais grave
do que o ato
em si
sem repetição?

não.
quero de novo
outra vez
quero de novo

agora
ontem
e no amanhã
por que não?
talvez.

sábado, 3 de setembro de 2011

mãe

hoje fez anos
ano que vem
desejo
intenso
estar mais perto
estar colado
ser gente grande
ter meu carro
e ir
voando
para beijar
amanhecer o dia
o que foi que eu fiz?
onde foi que estive hoje
em excesso
a trabalhar?
que pode haver neste mundo mais importante
do que a casa?

eu sou um idiota. e a cada ano que passa
mais idiota eu fico.

medo. do meu futuro. medo profundo,
medo – infelizmente – aqui
profícuo.

apaziguar

semi cerrados
dobradiça
móvel

sala de estar
de dormir
pra dançar

vem, eu te chamo
você pode chegar
aqui é calma
é tranquilo
e seguro

mosquito não tem
silêncio duradouro
há soluços
rompendo o diáfano
da noite

palavras soltas
pedaços de jornal
de roupa
e fatias de queijo

vem, eu te clamo
pode chegar pesado
eu te esvazio
e te dobro ao meio

livros muito livros
contas a pagar
dobradas e enternecidas
nesta noite – a de hoje -

importa tudo
menos o saldo
menos o débito
sobretudo
importa hoje
o caldo
quente
na panela
estalando
o verão por vir.

vem, eu te espero
caso tu não queiras
hoje
eu vou
enfim
dormir.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ficou no vento

a felicidade
a tranquilidade
e o fermento

o mês passou
o trem nem veio
fiquei parado
à espera do poema
meio ao meio

o corpo se dobra
as roupas lançadas
sobre o chão do quarto
empoeirado
restam restos
de situações
nem todo-finalizadas

e o seu beijo
ele me pergunto
e o seu beijo
que não veio
nem ontem
nem ontontem
nem no futuro

porque agora
o tempo age pleno
sendo ele inteiro
sempre e de novo
um novo
e derradeiro
segundo.
 

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