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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

eu sei que eu tentei

e mesmo assim
sempre o tempo
revela ser pouco

cuidado, em primeiro
depois não dedicação
nem afeto
nem disponibilidade

quiçá esforço

faltou primeiro pausa
para respirar o momento
e fazer do segundo
queda
abandono
e só então
jogo.

hoje resvalo
precipitado sobre doses
de cafeína
em tubo
ou copo
hoje eu precipito
vendo de novo a mim mesmo
porém
tão mais corrido
tão naufragado.

se soubessem o que tenho feito de mim
se soubessem do abandono ao qual me tenho lançado
talvez a poesia em mim
se fizesse plena
sem metáfora incompreendida

sem rima que excede
sem esperança amena.

não.

eu sei que tentei.

mas os títulos nem sempre carregam consigo o corpo da canção.

eu sei que tentei
e mesmo assim
por que não?
se reconhecer falido
falível
cansado
e de si ausente?

eu fali
eu perdi
eu estou doente

mas ainda aqui
meio com sorriso póstumo
meio com a coluna dobrada
e dilacerada

eu aqui
meio indigente
cesso de vez
essa chateação
ruidando
eu me escuto a mim mesmo
e me devolvo à possibilidade plena
de ser lindo
e sujo

de ser ópio
e putrefação.

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