e mesmo assim
sempre o tempo
revela ser pouco
cuidado, em primeiro
depois não dedicação
nem afeto
nem disponibilidade
quiçá esforço
faltou primeiro pausa
para respirar o momento
e fazer do segundo
queda
abandono
e só então
jogo.
hoje resvalo
precipitado sobre doses
de cafeína
em tubo
ou copo
hoje eu precipito
vendo de novo a mim mesmo
porém
tão mais corrido
tão naufragado.
se soubessem o que tenho feito de mim
se soubessem do abandono ao qual me tenho lançado
talvez a poesia em mim
se fizesse plena
sem metáfora incompreendida
sem rima que excede
sem esperança amena.
não.
eu sei que tentei.
mas os títulos nem sempre carregam consigo o corpo da canção.
eu sei que tentei
e mesmo assim
por que não?
se reconhecer falido
falível
cansado
e de si ausente?
eu fali
eu perdi
eu estou doente
mas ainda aqui
meio com sorriso póstumo
meio com a coluna dobrada
e dilacerada
eu aqui
meio indigente
cesso de vez
essa chateação
ruidando
eu me escuto a mim mesmo
e me devolvo à possibilidade plena
de ser lindo
e sujo
de ser ópio
e putrefação.
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