Pesquisa

sábado, 10 de março de 2012

e se eu fosse

o que de mim ficaria?

seria a lembrança
alguma tristeza
alguma confissão
não todo ouvida?

o que de mim ficaria aqui retinto
e protegido em meio a noite?

que tipo de objeto meu?

que tipo de falta minha?

minha música
(que hoje esqueci)

qual música minha
me diria assim
se um dia
de súbito
eu partisse?

sem premeditar o segundo
me vejo em descompasso
volvendo ao que fui de mim.

me desencontro
me deixo de ser
se constrói
se constrói tanto
mas afinaL
para quê?

a pele agoniza

os passos pendem pendulantes

o silêncio é quase que inédito
a incapacidade hoje deste corpo
nos consome

eu poderia ter partido, mãe
e você nem sequer teria chorado meu corpo vivo
eu poderia já ter ido
e nisso há uma paz

que eu ainda desconheço.

deixai-me morrer

a carne existe não para lutar pela esquina
minha carne existe apenas
para o jogo improvável
de morrer assim de súbito
numa tarde mal
resolvida.

eu já poderia ter ido.

com ou sem sua autorização, mãe
eu poderia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário