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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Hiberno

não que tenha vivido muito
não que sobre a pele
o mundo coubesse pleno


não se trata disso
se trata apenas do peso
concreto
pelo qual a gota
escorre sobre este corpo


trata-se da profundeza
com a qual a mão avança
falo sobretudo desse ir
sem outra opção
que não naufragar


falo do gesto incontido
do ímpeto solar
do fórceps de cada dia
a amanhecer toda e qualquer agonia,
plena
vestida
propensa ao bailar


não fosse isso
não fosse o íntimo vasto
e despudorado
eu viveria lá fora
eu viveria traçando abraços


mas não,
fico, calma
não tudo


eu sendo assim terreno sentindo vultos
escolho ficar
detido em cada poça
que feito oceano
pode também me engolir
restar


sendo eu assim página para os seus
os meus, os nossos disparates
opto por ficar
entretido na ficção
que o mundo em mim foi capaz de criar.



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