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Marcelo - Diogo, noite de segunda-feira, dia 24 de janeiro de 2011. O primeiro mês do ano acabando e como anda a sua vida?
Diogo - Oi, Marcelo. Pois é, final do mês, parece mentira. Mas você sabe que eu acho que o mês passou tranquilo, sem correria. Acho que foi porque eu li jornal todos os dias, então deu para contar dia a dia e não deu aquela sensação de uma semana em um dia. Você perguntou como anda a minha vida? Bom, ela anda corrida. (Risos) Pra variar. Não tem jeito. Estou trabalhando muito cedo e dormindo tarde, pra variar. Mas está tudo bem. Ontem tive uma tristeza profunda. Se você entrar no meu blog vai ver quanta coisa terrível eu escrevi.
Marcelo - Quer dizer que aquilo que você produz vem de acordo com o que você está sentindo?
Diogo - Não, eu acho que não. Eu acho que eu estou produzindo sobre as mesmas coisas. Sobre os mesmos assuntos, desde quando comecei a produzir. Sinto que aquilo que muda é o tom, a forma pela qual você toca de novo no assunto.
Marcelo - E que assuntos são esses?
Diogo - Sei lá. É tudo. Eu sou meio heteróclito, sabe?
Marcelo - Não. Não entendo. Como é isso?
Diogo - Por exemplo, no meu trabalho como diretor de teatro eu levo para dentro da sala de ensaio muitos materiais que a princípio não servem. Eu quero dizer: não há tanta seleção assim. Tudo no mundo tem seu direito de ser experimentado. Não gosto de me privar de falar do pombo que encontrei morto no chão da rua, atropelado.
Marcelo - Nossa... Mas me conte. Você falou em teatro. O que vem por ai?
Diogo - Putz... Nesse ano vem coisa a beça. Junto a companhia da qual faço parte, o Teatro Inominável, estou dirigindo e escrevendo duas peças. Ambas devem estrear no segundo semestre, uma em setembro e outra em dezembro. É uma loucura. Dois processos ao mesmo tempo.
Marcelo - E como você lida com isso? Está conseguindo dar conta?
Diogo - Sabe? Eu nunca consigo dar conta. Eu me convenço muito rápido de que já perdi. Fico reclamando e dizendo o quanto estou fudido. (Risos) Isso depois de um tempo se converte em força para continuar, sacou? Você já se chafurdou tanto na lama que quando olha para fora, tá tudo andando, tudo tranquilo. Eu tenho essa tática. Eu sou muito auto-depreciativo.
Marcelo - Então você não está dando conta das duas peças, é isso?
Diogo - Estou nada! Tá foda. Começo a estudar uma e pulo para a outra. Os assuntos se misturam, dão nó. Tá foda. Penso numa fala de uma peça mas coloco na boca do personagem da outra. E são peças bem diferentes, então esse tipo de intersecção só sinaliza como a parada tá sinistra.
Marcelo - E fora o teatro, o que mais?
Diogo - Como assim?
Marcelo - Fora o seu trabalho com teatro, o que mais você tem feito?
Diogo - Eu trabalho com teatro.
Marcelo - Certo... E agora, eu quero dizer, segunda, final de noite, o que você vai fazer hoje?
Diogo - Eu preciso descobrir uma maneira infalível de abandonar o computador. Tenho ficado muito tempo na frente dessa parada e minha coluna tá doendo horrores. Mas ainda preciso terminar de escrever uma peça para crianças que comecei a escrever faz uns cinco dias e preciso entregar tudo ainda hoje. Mandar por e-mail. Depois queria lavar umas camisas, umas cuecas e dois shorts. Preciso também ler um pouco de Deleuze e Guatarri antes de dormir. E desligar a cafeteira.
Marcelo - Está bebendo café a essa hora, é isso mesmo?
Diogo - Mas eu bebo. Eu sempre bebo.
Marcelo - E não perde o sono?
Diogo - Nunca, eu sempre tenho sono. Sempre. Posso deitar agora e em 45 minutos tô dormindo. (Risos)
Marcelo - Que saúde...
Diogo - Putz... Tinha esquecido. Tenho que medir a glicemia também e ainda tomar umas duas insulinas antes de dormir.
Marcelo - (surpreso) Ah, você é diabético?
Diogo - Ah, sou, sou, eu sou... (Risos) Prometo que no ano que vem eu vou deixar de ser. (Risos) Eu falo isso todo ano... Vai que dá certo, né?
Marcelo - É... É sim... Então eu vou deixar você fazendo suas coisas e nos encontramos noutra noite dessas, certo?
Diogo - Sim, querido. Quando quiser, passa por aqui e a gente conversa. É sempre um prazer.
Marcelo - Correto. Só não vai esquecer de desligar a cafeteira...
Diogo - Vou fazer isso agora... Ainda tem um restinho...
Perguntas Que Marcelo Faria volta no próximo mês,
se você curtiu esta entrevista, experimente
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