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sábado, 29 de janeiro de 2011

tramando palavras enquanto o tempo te fazia obra

porque a poesia está agindo sobre as coisas nessa casa.
o calor não é só calor
o suor que de ti escorre
escreve pelo caminho
outras coisas que não simplesmente
quero água.

calma, cara
porque há um terreno propício ao desespero
mas sob esta ordem
sob o tapete
sim, há outro
de poemas em cruzamentos
ternos e passageiros.

porque a poesia sobrexiste
ela te olha neste instante de fora para dentro
e te vê, inteiro, assim despido
mesmo que esteja agora só
e lacrado contigo.

ela te enxerga no clamor mais cândido
que sai no abrir pequeno da sua boca
ela te saúda
e tu nem vês
porque estava tramando palavras
enquanto o tempo
fazia de ti obra
e a janela
te enquadrava
e o sol
ponto de luz
impressionava
sobre o seu corpo
a vã poesia inexata
do seu existir,
sem dó nem frialdade.


Se a frialdade te comove, tente então ser alvo de uma

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