dar trabalho sem suor
ser preciso sem rancor
nada em mim
sairá do corte já feito
nada em mim
jorrará sangue
ou gritará excesso.
eu sou pleno assim
sem organização
eu respiro este caos
e sobre ele eu bailo
minhas partes
se miram
apaixonadas
mas ninguém de nós
sai casado ou preso
somos livres
soltos e grosseiros
nesse baile chamado
digestão
nesta ópera respiro
neste cômodo
coração, nada serve
para sair
nem para ficar
somos assim partes
perdidas para o amor
potentes para escorrer
e drenar
este sentido
que ainda hoje
te lobotomiza.
eu fico
eu duro
eu, pedra,
me ausculto
e ouço sinfonia ruído cascata torrente e é dentro
tudo aqui
dentro.
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