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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

um pouco do que me apavora

é saber que dentro do grito
mora uma paz abismal
e um desejo tremendo
de continuar a história

um pouco do muito
que me apavora
é, quem sabe, não perceber
que dentro de cada ira
mora tranquila
a sensação fulgás
de alguma vitória

me apavora imensamente, é verdade

poder não perceber nada
e entender tudo pela metade
poder não entender tudo
e não perceber nada

como é
na escuridão do subjetivo

um pouco do que me apavora é isso

poder dizer fica (quando é preciso deixar partir)
e poder partir (quando era preciso ter ficado)

me apavora
sofrer o manual da vida que ainda nem se viveu
me apavora
querer contar com o futuro
quando o que eu tenho
agora
é só isso

nada tangível.

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