escrevo poesias
como quem trama o futuro,
se engasgo
pensando na vírgula
é como se não soubesse
se as férias seriam
em janeiro
ou em julho.
escrevo-as
como quem trama
as reviravoltas
não-tramáveis:
não adianta dizer que vai tentar parar
ou você cessa o cigarro
ou ele estará sempre ao seu lado
feito rima
doentia com ar
que junta tudo
num só átimo
e faz amor
parecer coisa comum.
escrevo tanto
que em uma vida
talvez não me coubesse.
sorte a minha
ter página em branco
sempre que a alma
me aborrece.
sorte a minha
tramar versos
como quem trama esquinas,
ando
ando
subo ônibus
desço avenidas.
é sempre preciso
vagar cidades
até descobrir o sentido
da solidão
de um quarto
de século.
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