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domingo, 18 de abril de 2010

Ovelho e Rebanho.

é que não tem nada
apenas sons de martelos
nem há martelo
há nada apenas
apenas nada.

assusta sim eu sei
você dorme e acorda
e a incompreensão persiste
se me perguntou onde foi
não importa porque antes de onde
sobrevive o fato
duro como pedra
de que errei.

erro de novo, portanto, agora
sem saber identificar onde fiquei
em que parte me perdi
sobre o quê exatamente eu gastei
a energia
o meu amor
a potência divina
eu digo
de vida.

não sei.
durmo perfurando o sono com pausas nas quais os olhos doem por não conseguir não ver.

o mundo vai me chamando de volta
e eu preso nessa investida do se abster
do não se permitir mais
não mais
ficar resvalando em cada gota
essa essencialidade de vida
que em mim extravaza.

sou mais do que tenho aqui exposto.
sou logo menos do que mostro.
sou mais louro
menos cinza
sou mais negro
menos mulher
menos rimas
eu sou
inevitavelmente
ser em transtornação.

queria não ter escrito nada disso
mas meio que é essa minha condição:
reconhecer e praticar a classificação imposta por mãos divinas:
ser ontem e hoje e amanhã
a ovelha negra

que sofre e goza
por sobre o consenso.

Um comentário:

Flávia Naves disse...

nem sei...
tão triste e tão bonito
tão seu e tão meu
tão você e tão eu
Quero ser também a cor do escuro para juntos mancharmos de poesia o pobre rebanho de ovelhas brancas que tende fatalmente a ser uma única e triste coisa. Seremos mais porque somos muitos.

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