Pesquisa

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Num ponto de ônibus qualquer.

Pelo prazer do jogo eu não vou parar. Disse a si mesma, ali parada, inerte, estática. Fico. Persisto no decorrer dos segundos e provo a ele e a mim mesma que sou alguém capaz de durar. De ser dura. De ser fato, pedra, coisa toda invevitavelmente concreta. As palavras saltam de mim com extrema facilidade. Achava isso bom. Hoje penso que saltam de mim porque temem ficar mais que o tempo. Temem ser eternidade quando em mim a noção de eterno dorme solta ao relento, é desde já impossíbilidade, eu não tenho freio, eu não tenho embate. Somente os que quero. Ele permanece. Funciona a psicologia reversa. Eu fico fazendo cara de autosuficiente e nisso ele se desespera e quer provar a mim e a ele mesmo que é capaz de me tragar. E é, poxa. Como somos complicados! Eu tenho medo em dizer que ele é isso para mim, porque e depois, e quando ele quiser partir, como eu fico? Eu fico parada, estática, sem ar, plantada com raíz, eu fico desesperada. Como agora. Só que de verdade. O coração já se terá deitado. As pernas terão emudecido. Os pelos parado de cantar. Tudo infeliz e disforme. Sem identidade. Faz isso. Vem de surpresa e me corrempe pelo soluço. Vem trazendo o inevitável que eu prometo, ante a ele eu sucumbo e te deixo ver, como em meus olhos – intimo – há uma força querendo formar. Daí ele avançou, pegou um ônibus qualquer eu nem quis olhar. Olhar o destino ao qual não se se pode atar? Não. Fiquei além de muda, cega. Gritando dentro de mim essa imbecilidade do jogo. Não quero mais brincar. Nem ser criança. Eu quero durar. Contigo. Quero fazer casa abrigo. Te abandonar. Para voltar. Te ver partir. Para varrer o chão e te ver chegar. É possível? Eu aqui parada – onde estou? – já não sei mais o valor de tanto afirmar de tanto perguntar. É que dói, poxa. Mais com você fora de mim do que dentro. Volta. A gente organiza o coreto. A gente começa sobre os clichês. Prometo a modernidade no período pós-óbvio-amante. Tudo assim feijão com arroz. Depois permitiremos ao vento trazer nuances. Mas por agora. Eu quero-o óbvio. Ela se disse, e sequer chorou, sequer moveu, sequer ficou. Os pés moviam-se para dentro da terra. E ao término daquela tarde já noite, o cimentado sobre o qual ela aguardou o ônibus o moço o destino o seu alvo, bom, eu devo dizer, o cimento rachou e por dentro dele escorreu, alta entristecida, aquela árvore mulher menina. Com os pés raíz avançando ao mundo e puxando-lhe energia alguma para seguir. Está em algum ponto desses tantos, esperando, esperando, rendendo-me frutos que faço questão de aqui expor, de aqui experimentar. Ela existe. E está tão viva, quanto morta. Ela é resistência, é em si mesma o terror e a obra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo