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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sisudas Palavras


Acredito que elas possam capturar
Algo que fique
Por acaso
Perdido no ar.

Acredito que possam expurgar
Algum pedaço de dor
Que não consegui
Em mim
Matar.

Acredito tanto que possam
Algo que eu não saiba ser
Que talvez tenha
Acostumado
A tê-las mais em mim
Do que eu em você.

Tanto nelas acreditei
Que me esqueci de viver
Escondi-me de ti
De te olhar
De te ver
Que hoje sou só
Apenas eu e elas.

Elas que me conhecem mais
Do que ninguém
Que me entorpecem
Dizendo outras
Que não são você
Nas quais você não cabe
Nas quais não pode
Você
Ser.

São palavras
Nas quais me detive
Quando estive só.

E só,
Não pude só me ver.

Por isso corri linhas
Saltei versos
E nelas,
Palavras,
Fui respirar.

Hoje,
Se me sufocam
É, pois você também
Tira-me o ar.

Hoje,
Se me sufocam
É, pois cansei de te inventar.

De sentar-me com elas
E entretendo-me ao amor
Criar outras faces
Que não essa
Sisuda
Que você tem.

A realidade ultrapassou
Tudo o que elas foram
Um dia.

O suor do meu amor,
Abatido amor,
Faz-se num cheiro
Que não se explica
Por isso nem eu
Aqui
Vou tentar.

Acredito que tenham dito
Muito do que sou
Ou fui
Ou quem sabe
Um dia será.

Mas, hoje
Quando me vejo assim
Posto em palavras
Dôo por reduzir-me
A existência
Em diversos arranjos
Que não me dizem por inteiro
Que não são feios como eu
Que nem são belos
Feito o que conservo
Dentro de mim
E que só pode ser
Algo mais do que
O meu amor por você.

Seja você qualquer outro nome
Que essas palavras possam escrever.

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