eu poderia permanecer calado
e então só fazer poesia
após um atropelamento
presenciado.
eu poderia permanecer quieto
em casa protegido
e acalorado
e só então escrever poesia
quando um beijo me fosse pedido
ou arrancado.
eu poderia continuar mudo
e resguardado em silêncio-segredo
eu poderia nem sequer justificar o mundo
eu nem sequer falaria dos desejos
para que a poesia viesse por necessidade
para que o verbo fosse beijo a dobrar a linha
e fazer saltar ao cúmulo
algum resquício de agonia sincera.
cansei de inventar dor de amador.
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