é quando você sabe
mas não conta
é quando você beija
e se adianta
pensando como será então depois disso
como será quando for preciso
mais uma vez
se ausentar.
repetição é quando dói
e você de tanto doer
não pode mais
notar.
é a forma pela qual as abelhas fazem o mel
mas também a forma pela qual
se magoam
as peles no fim de cada entardecer.
repetição é tudo o que não fazem os cegos
deixando invadir mãos
pelo mundo afora escrevendo
mas somente lendo
apenas lendo
lentos, eles avançam
pode haver coisa mais bela
do que reconhecer o mundo
sempre
e de novo
mais uma vez?
você me olha
me cumprimenta
dentro de mim
sua vista dá voltas
e me desorienta.
fecho a porta.
pela vidraça
outro seu passa
e este, por sua vez
me acaricia
ele me arrasa
como pode?
esse movimento do querer ser tão assim redundante?
danço, hoje, apenas, confiante.
por hoje eu danço apenas,
confiante.
que pode haver de mal nisso?
não é a primeira vez,
eu garanto.
mas dói. mesmo assim.
2 comentários:
Por trás do acaso vivem os insetos.
ah, e essa pintura aqui.
Matisse que conseguiu ser dança.
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