as coisas mais lindas que escrevo
são saídas.
as mais lindas coisas
que eu escrevo
são desculpas
para amores
para a vida.
eu de tudo me retiro
e dai então nasce
a tal poesia.
se me colo
se desejo
se vou e
cravo
minha
atenção:
precipito-me
e pareço brincadeira
sem consideração.
mas,
se torno a vida difícil
e por isso um tanto mais
impossível
vêm os versos acenando a mim
e ao buraco-mor-coração
eles gostam dessa dor
as metáforas bailam esse estado
constante do ser-putrefação.
que triste. eu penso,
que triste essa condição.
em que rima eu fui amarrar meu mote?
constato,
hoje mais triste
que a poesia não nasce tanto assim da vida
a poesia,
hoje constato
nasce dessa negação
dessa incapacidade minha
para criar afeto
invés de canção.
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