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domingo, 16 de outubro de 2011

embrionário

sinto-me
aqui lacrado
solto e impreciso
mais feliz
menos autoritário

tudo o que eu quero
está aqui
sob essa luz
ao redor das flores
e no silêncio
enfim

apaziguado.

o som
sim, o som
longo se anuncia
e fica
e cola
e crava
essa dor dessa agonia
de palavras tão prontas
e tão cheias-vazias
de vida

eu estou aqui
você não vê
porque é noite
e as janelas estão trancadas.

hoje eu iria ao seu jogo
eu hoje iria até o limite da sacada
mas está bom aqui
desse jeito
nesta falta

hoje esse sonho feito de palavra

supre o segundo
e instaura o amanhã
bem antes
do possível.

poeto, eu poeto
que fazer comigo mesmo
senão essa azia?

gasto-me
não disfarço
sofro-me
não condeno
a batida
terrível em mim
do acaso

as pernas doem
os pés anunciam gritaria
querem partir
querem sambar
mas eu esqueci nossa rima

e será preciso apreender novamente

você me ensina?

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