Nu
por completo
meu corpo resta esperto
querendo fazer de si
alguma construção.
Obstruído
aos pedaços
minhas partes se comovem
todas elas
hoje
na contramão.
Querem ser verbo onde houve silêncio
canção onde houve pausa
minhas partes querem ser atrito
onde não houve
- hoje -
nada a agitar os sentidos.
Durmo então morto
durmo inteiro e sem roupa que de mim se apodere
durmo no frio desta chuva que acabou de chegar
durmo sem café sem almoço ou janta
durmo sem querer
sem parar.
Meu sono hoje é protesto
contra a acomodação da vida
neste mesmo lugar:
de novo sem nome
de novo sem rumo
de novo só fome
desejo-desespero.
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