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domingo, 31 de maio de 2009

Violácea

Marcel - O nosso nome...
Marceau - O que é que tem?
Marcel - Parece o mesmo. Mas, não é. Eu sei...
Marceau - Não é. E também não acho que pareça. Além do mais, somos muito diferentes.
Marcel - Ache uma diferença aqui em mim?
Marceau - Diferença como?
Marcel - Como! Diferença! Algo que em você é de um jeito e em mim é de outro.
Marceau - O seu nome?
Marcel - Não. O nome não serve
Marceau - O que é que tem então de diferente se o nome não serve?
Marcel - O nosso nome...
Marceau - O que é que tem?
Marcel - Parece o mesmo. Mas, não é.
Marceau - Eu sei...
Marcel - Sabe nada.
Marceau - Às vezes, acho mesmo que não sei.
Marcel - Só às vezes?
Marceau - Quase sempre. Me dá um copo de água?
Marcel - (servindo-o) Aqui está.
Marceau - Obrigado. Acho que o fato de você me servir muda tudo.
Marcel - Tudo o quê?
Marceau - Tudo o que existe entre eu e você. Eu digo, quebra uma possível hierarquia...
Marcel - Você usa essas palavras... Sabe o que significam?
Marceau - Li uma vez. Devo ter esquecido, porque? Não funciona? Te agride?
Marcel - Não. Até que parecem exatas.
Marceau - De onde você tirou essa água?
Marcel - Do vasilhame.
Marceau - Qual vasilha?
Marcel - Do vasilhame. Da planta violácea.
Marceau - Você me deu água de planta?
Marcel - Ora, qual o problema?
Marceau - Essa água tá suja!
Marcel - Não não está.
Marceau - Eu não vou te explicar de novo.
Marcel - Eu não quero ser explicado.
Marceau - Você não tem jeito.
Marcel - Mas você agora tem cor. Vê porque te dei a água?
Marceau - Me dá um espelho?
Marcel - (colocando um óculos e fazendo nele Marceau se refletir) Vês?
Marceau - Em volta do olho, você diz?
Marcel - Começou no olho, mas o seu pescoço violácea.
Marceau - Violácea?
Marcel - Não é lindo? Eu escolhi da planta exata. Combina com você.
Marceau - Certo. Combina sim. Certo. Isso sai?
Marcel - Não sei se devo te dizer.
Marceau - Eu sei. Repito. Isso sai?
Marcel - Quando virar flor de enterro. Sai em menos de um dia, vai saindo feito degradê.
Marceau - Quando eu morrer.
Marcel - Você pode enfeitar meu enterro.
Marceau - Quando eu morrer,
Marcel - Eu morro primeiro.
Marceau - Mas se eu morrer,
Marcel - Eu já terei ido. Antes, bem antes, do seu último gemido, eu já fui, amado.
Marceau - Por isso hoje lhe sou flor.
Marcel - Violácea. Que eu acho um nome diferente.
Marceau - Diferente de quê?
Marcel - De tudo. Parece até que inventamos outra cor.
Marceau - Inventamos sim. Inventamos.
Marcel - Pode dizer, eu consigo ouvir. Você ia dizer outro amor.
Marceau - Certo, vamos indo.
Marcel - Certo, dê-me sua mão.
Marceau - Meu deus, ela está rosa também.
Marcel - Não diz isso! Rosa é cor de delicado. Você tá ficando violácea. Violácea.
Marceau - Andando, amado. Andando.
Marcel - Você disse amado?
Marceau - Não. Você que quis escutar.
Marcel - Isso é possível?
Marceau - Você acabou de dizer que eu ia sarar!
Marcel - Eu disse?
Marceau - Não. Eu que quis escutar.

Partem.
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3 comentários:

juliamarini disse...

Todo esse carnaval só porque eu te chamo de Dióooogeneeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeessssssssssss??!?!!?

rsrss!

Adorei!

bjs*

Anônimo disse...

de outra!

loira misteriosa! disse...

amei!

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