deixe a perna acordar primeiro
o sol nela deitando
sobreerguendo
os pêlos,
deixe, primeiro
a perna amanhecer tranquila
meio de lado
meio imprecisa
deixe o corpo ir dizendo
isso que em você
ainda é
silêncio
deixe o corpo ir nascendo de lado
meio impreciso
meio revoltado
corpo amanhece todo moído
corpo é memória
memória boa é vaso
é arca cheia
de indecisões
deixe, primeiro
o sol na pele
e o vento nos cabelos
deixe-os, soltos passageiros
sem a pretensão de vitória
seus cabelos são salto
são vôo
o corpo é em ti
sua própria hóstia
deixe,
primeiro
o amanhecer com plena incongruência
e veja, ao ver o sol cruzando os pêlos
das quatro pernas
um matagal germinar ligeiro
em primeiro,
sempre em primeiro
.
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