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sexta-feira, 6 de março de 2009

O movimento

O movimento é inevitável.

Por sobre o que for

Desce a coluna levando

O Movimento

A culpa ao centro

O medo aos olhos medrosos.

É queda inevitável,

Assinatura por extenso

Do que faz o tempo

Agora já perdido.

Vivido,

Mas perdido,

Como pudesse a vida ser só perda

E de tanto perderes

O corpo agora desce

Despenca suave feito cabelo

Tampando a face

Escondendo-a da sua própria vergonha.

Não se veja.

Não chore. Deve haver alguém do seu lado.

Alguém que ultrapasse especulações e te traga um conforto momentâneo

Imediato.

Não se mova demais,

Já faz o corpo seu movimento mor.

Sabe o corpo seu despencar de cor

E salteando

Ele desce

E nada mais pode haver

Afora o precipício.

Que buraco é esse fundo que encontrei sob mim?

É meu? Espelho?

Foi o que cavei neste tempo

Hoje, perdido?

Não chore. Deve haver alguém.

Por isso não olhe ao redor

Não procure

Sinta a presença imaginária te afagar

Não deves estar só.
.

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