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quinta-feira, 19 de março de 2009

Elo Perdido

Quando foi?

Eu não sei ao certo. Acho que importa apenas o fato de ter sido. Se você me pergunta quando eu não sei mas posso tentar te dizer. Vou tentar calar em mim primeiro toda a vontade de saber o que isso pode te trazer. Eu digo o que pode adiantar para você saber quando quando foi. Foi quando o consenso acabou. Acho que é o mais formatado que eu posso te devolver. Quando a gente, todo mundo, quando ninguém mais podia formatar um consenso nesse momento é o quando que você quer saber. O quando que você quer pode ser no século XVIII. É o próprio, talvez nos trinta anos finais e nos primeiros vinte do século seguinte. Requer tempo. A sua falência é longa, você ainda está em declive. A sua queda arrasta o tempo.

E você ainda confirma alguma coisa por mim?

Não, desculpa, impossível. Não posso. Não faz sentido. Eu tenho que me entender primeiro, depois disso tem tanta coisa que o caminho é curto para esse tanto. Eu nem devo pedir desculpas, não é questão dessa culpa que você já sinaliza. Por você eu não confirmo mais nada eu não assino o que é seu pelo meu método, minha técnica, pelo meu jeito. Somos separados agora. E não haverá volta. Você está sozinho. Sozinha. Ninguém quer dividir com você a necessidade de dizer o mundo. Ninguém quer compartilhar a exigência de ser verdadeiro diante o impossível. Você fala em verdades mas não vê que suas verdades se modificam. Como pode? Que eternidade é essa que não é eterna? Eu preciso traduzir isso em outras formas com outras arestas. Desenhamos com outras linhas. Eu enceno, agora. Você incrimina.

O que é ser moderno?

É ter dimensão. Não serei específico, como sou de costume. Mas é ter veias dentro da qual saltam cumes que não dizem o que há lá fora. Existe um eu que você conhece mas que sou eu quando anoitece. Sou só eu. Estou tentando dizer. Há em mim muita modernidade. Não importa o que os livros digam – eles sempre dirão – mas há em mim muito que não se explica. Essa consciência, essa explosão, é disso que eu falo. É desse corpo-base que se faz minha rima. E como ficará chato ser moderno. Você vai ver. Alguém ainda dirá isso. Um filósofo, talvez. Quando isso acontecer, do centro dessa minha modernitude, devo dizer, ainda tentaremos ser eternos.

Quem sou eu?

Você é uma espécie de Deus. Talvez fosse o Deus, não em si, mas em imagem, em discurso, em teatralidade. Agora sem a teatralidade, esta é minha, agora és apenas discurso. Um óbvio inconstante. Você talvez fosse Deus não houvessem tantos novos Deuses neste instante. Já ouviu falar em Ciências Humanas. Sabe o que pode ser? Já teve em si um lampejo, como pudesse o cérebro dar a luz? Você é mais um. Eu sou outro um. Somos antes possibilidades.

E quem é você?

Eu sou o ridículo. Eu reconheço em mim a inutilidade e me respaldo nela para apontar – em você – como és também excessivamente cheio de si. Como és também inútil como mim.

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