Dizem que o que escrevo é taxativo
Que há demais tratados sobre amor
E morte
Sobre coisas que me extrapolam
Ou que sequer me acometem.
Dizem que há muitas certezas
Muitas formulações objetivas,
Como se eu pretendesse ter o poder
De dizer qual tipo de amor
Você, amante, pode sofrer.
Não.
Apenas tinjo
Com as tintas que tenho em mão.
Não quero dizer sobre as formigas num dia de verão.
Não quero fazer poesia da nuvem e sua imensidão.
O que me atrai está com tempo contado
O fim por mim ou por outro já foi estipulado
E assim
Não perco o sono sonhando
Escrevo mal se faz o dia a agonia escolhida
Para viver.
Não é taxativo
A recorrência não quer dizer segurança
Nem certeza
Repito há morte
Porque ela em mim não se cansa.
Formulo o certo sobre o amor
Porque todo o dia a certeza se esvai
E eu, louco
de amor
Invento outras,
Para suprir o coração estripado.
Em mim cabe todo o mundo.
Não me peça, porém, que o reduza aos meus pés.
Deixe-me lançar ao impossível
E caso não assim seja,
Deixe-me, como a xícara suja sobre a mesa.
Corpo usado
Esquecido
Mas borrado
a desejo.
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