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sábado, 14 de novembro de 2015

Humanidade

Foi-se o tempo
Em que ponderar o destino
Era gesto audível.

O homem ensurdeceu de vez
Retido na batida esfomeada
Do poderio sem reis.

Foi-se faz tempo
A possibilidade do carinho
É tudo hoje resta em lama

Rodeado.

As metáforas mais duras
Os fins do mundo mais amplamente
Repetidos e divulgados,
A realidade os superou.

Vivemos num tempo
Em que ser incrédulo
Tornou-se incômodo ligeiro,

Tempo em que o afeto
Ficou diminuto e a confiança
Fez viagem sem dizer retorno.

Vivemos num tempo
Em que a única tarefa
De fato política é conseguir fazer durar.

Dura mais o tempo
Dura mais um parco afeto
Duro o espaço apesar de morrendo
Dura o sonho que seja na ponta
De um lápis.

Tempo de dinheiro cessando a própria respiração.
Tempo de fins sem começo e
De fim de mundo sem responsáveis.

Não.

Chegou um tempo
Em que o menor
Vai ditar os rumos.
Tempo em que a arte
Há de prescrever
O futuro.

Chegou um tempo, este do futuro,
Que não vai se não for pela gente
Com a gente
Tempo nosso
Dos intempestivos
Dos sem voz
De todas e todos
Ditos
Incoerentes.

Tempo em que coerência
Tornou-se destruição.

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