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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

alguma sinceridade

estou fedendo cigarro.

não estou bêbado.

estou de cueca.

muitas luzes estão acesas aqui dentro de casa.

tenho sono.

estou ansioso.

ouço músicas.

quero chorar, mas não consigo.

talvez durante esta escrita eu chore.
talvez não.

queria paz.

queria sorriso.

mas não sei.

quero distância.

quero outro abrigo (que não eu mesmo).

estou mofado
cansado
humilhado
estou velho
apesar de tão jovem
ainda
tenho esperanças
no quê?

você e eu.

meu deus.

nós dois.

meu deus.

se eu soubesse, lá atrás, o tamanho dessa dor
talvez eu me recusasse a brincar de amor
talvez eu me proibisse
mesmo
talvez eu recusasse este verbo: amar
talvez mesmo
talvez
eu preciso acreditar

que o tempo passa
e mais do que passar
preciso acreditar
que ele leva
que ele me acolhe
que ele me permite
continuar

o que posso fazer?

sinto dores sem nome

sinto o corpo disforme

sinto que sou capaz
de retornar
bruscamente
a quem fui quando junto a ti
mesmo agora
sem te ter

meu deus

nunca chamei tanto por você
que desconheço

está doendo
eis uma verdade
alguma sinceridade
eu estou morrendo
e quanto mais morro
mais teimo em continuar

por quê?

por que não desiste o corpo?

por que não jogo tudo aos ares
e parto? para não me encontrar?
para me perder
me evaporar?

queria os verões que não tive
queria o útero e sua tranquilidade
queria outro cheiro
outra prosa
outros embates

meu deus!

estou cansado
tenho preguiça
até em morrer

não sei como faz
não tive essa aula
eu perdi
me perdi
nos perdemos
e o que fazer?

doo apenas
eu me doo
sem poder
me compreender.

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