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domingo, 14 de junho de 2015

pode um homem domar o seu tempo?

Daqui onde eu estou, o sol me pega meio ao meio. Mas é um pouco frio aqui dentro. Ainda que eu mesmo seja o responsável por definir a temperatura deste ambiente. Faz pouco tempo, eu percebi que controlava também a altura da cadeira na qual me sento. Eu estava bem perto ao chão e, agora, meus pés estão soltos no ar.

Daqui onde eu estou os lençóis brancos estão mexidos. Os quatro travesseiros estão amassados. Parece escultura. O frigobar está fechado. A pequena bandeja com bombons está intacta. O telefone no gancho. A caneta sobre o papel. E apenas a fumaça do cigarro, meus dedos e olhos, é que se mexem.

Daqui onde eu estou eu observo: pode um homem domar o seu tempo?

Eu, bem daqui onde estou sentado a ver o tempo passando, eu me pondero:
o que seria preciso fazer para poder ver a vida dessa forma, sem correria?

Tísica ironia. Foi me gastar escrevendo sobre o desejo de controlar a vida que o cigarro em mãos se consumiu em cinzas e sujou todas as letras.

                              

A vida é mesmo fumaça impossível de capturar.
Só o que resta entre meus dedos agora, são cinzas.

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