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segunda-feira, 15 de junho de 2015

O pior que me habita

Satisfação
Por ver dependências
Gritando por meu corpo
Gratidão
Por depois de mim
Continuar certa relação
Orgulho
De fazer e regar
Diariamente
O mesmo estrago

O que de pior me habita
É a certeza de ser egoísta
E ao mundo
Não oferecer nada
Além disso.

O pior que me habita
É essa demanda que tenho
De precisar ser amado
Aplaudido
(e mesmo iludido)
Ser devotado.

O pior mora na ponta dos meus olhos

Na brancura azeda do meu sorriso

Na barra da calça dobrada

No perfume de primeira

Na roupa feita
por escravas crianças

Meu pior sou eu quem carrego.
Eu quem autorizo que o pior
Seja meu corpo.

A sinceridade é revolta que destrói os tempos
E hoje eu ainda me faço acoado
Me faço inda hoje
Refém dos tempos.

O meu pior é que eu gasto tempo
Olhando para ver se me olham.

O meu pior é que vou me plantando
nos outros
Para depois de fugir
voltar o olhar para trás
E reconhecer:

Mais um que precisa de mim.

O meu pior
Sou eu
O fato
Que não abre
Mão
de si.

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