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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

mãe,

no meio de tanta bagunça aqui em casa, eu acabei me esquecendo que amanhã volto para casa. por aqui uma desordem que me faz querer dormir, mas dentro, bem dentro mesmo, uma vontade tremenda de pegar o primeiro ônibus e viajar rumo a ti, para ir me apertar na cama que você diz ser minha, na qual sequer eu caibo mais. não importa. está tudo certo. os filhos crescem e você não tem que saber disso. nós, os filhos, é que precisamos aprender a brincar nessa ficção. ora, essa, essa barba aqui comigo é mentira. não é verdade, é pura brincadeira, é diversão. não tem porque se preocupar, existem coisas mais importantes do que eu ter crescido além do tamanho mínimo que você julgava essencial. veja bem: estou voltando para casa e isso faz as coisas ficarem todas cheias de rococó. tem vela espalhada pela casa, tem cachorro, panetone, fartura, fritura, copos e parentes. tem árvore de natal e um ano que se encerra diferente daquele que pensei ao dormir de novo ai, neste mesma casa, ano passado, antes desse começar. que bonito, que especial, dá vontade de firmar. firmar feito poesia, a única forma que vejo hoje ser capaz de aprisionar o tempo. não para prendê-lo, não para torná-lo imóvel, mas para tê-lo sempre que for preciso, para brindá-lo sempre que necessário.
estou cansado. aqui tem tanta coisa para arrumar. minhas mãos estão cansadas, entretidas entre tantas opções que acabaram - eu já sei - sendo as mesmas. é a minha forma de lidar com o mundo: não criar novos abalos sísmicos a cada respiração.
as coisas podem ser, por hoje - que seja -, mais simples. não?

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