deitado sobre o chão do banheiro
piso azul, quadriculado preciso
e gelado
contra à perdição
deste momento.
deitado nele
ia eu pleno
ia eu lendo
o jornal de domingo
vendo utopias minhas
nas notícias
se discernindo
querendo tudo acontecer
virar fato.
será que me movo
acreditando no improvável?
será que serei sempre assim
alguém crente
incapaz de ver o fato
para além das folhas de um jornal?
não, não mesmo.
estou crendo em algo distinto.
não, eu sei
eu preciso
crer nisso que alimenta o meu ir
crer nisso que não sei como faz
mas que é preciso
para assegurar o movimento
pelo qual
faço a vida
ser evento
algo assim não todo ido no tempo
algo assim
num ritmo de um repente
um estalo
um de súbito
um frio sutil e delicado
rompendo o calor das horas
e deitando pleno
sobre o azulejo-caixão
tudo azulado.
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