está aqui, você vê?
não, né? imaginei que fosse responder assim.
mas está aqui. bem aqui. pode vir.
(distância)
não quer se aproximar? vem. eu não mordo.
(distância tensionada)
e se eu disser que eu mordo, você viria?
também não, né?
o que eu queria te dizer era para ser ao pé do ouvido,
mas eu passo por isso eu sempre passo por algo e te entrego
em suas mãos
a complexidade da vida digerida
a complexidade da esquina desenhada topografada organizada
em rimas
então, vem
que eu não mordo ou mordo
mas se você quiser
se, e somente se, você quiser
pergunto
você quer?
é que eu estou numa fase de muita clareza
estou tão desimpedido que as coisas ficam nubladas
por conta da sua utopia atingida
compreende?
eu quero dizer que agora é certo em mim o que em mim pode haver de você.
e você se pergunta
que você é esse de quem ele tanto fala?
gente, você é você
pode ser pode não ser
importa?
deixa eu interlocutar com quem me dá prazer
e neste momento, o prazer é direto reto abjeto no primeiro você
que sinalizar
sim, sou você.
entende?
(o espelho começa a suar)
uma perversão refletida
um amor narcisista que vai morrendo meio ao meio
meio falido pela autofagia
pela autocomiseração de cada dia...
tua dor, você não tem
tua dor, é minha
disso você sabe bem
deixa então que eu manuseio
tudo isso como se fosse
brinquedo
tua dor, você não tem
tua dor sou eu,
quem vem
e vai quem
antes e ademais
tua dor, sou eu, meu amor.
.
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