me diz algo impossível de se alcançar
me dê algo impreciso ao saborear
qualquer coisa qualquer valor
dê-me a sua mão
puxe com a outra o cobertor
cause assim em mim a confusão
entorte os sentidos
deixe louca essa cabeça que pensa
que vive em pensamento
que não se percebe assim dançarina quando o cérebro
em protesto
desatina a tontear
o que pode haver de pior do que essa sua inconsequência?
que poderia haver de pior do que essa insistência feito cruz
de estar preso ao tempo?
ao vento, eu devo tentar de novo dizer
ao vento é onde me perco e sendo eu lento
sou eu mesmo
do jeito que sei me ser
assim
um tanto próximo singelo violino distante de ti
uma qualquer poesia
um improvável sentir
gira vai
diga o que quiser
o que resta aqui sempre fede à necessidade
o que daqui salta é quase sempre a incontinência
de um crime descalculado
de um avanço nem todo ido
de um recalque não todo transtornado
fica, então
eu preciso
eu digo em exato a dor do tombo
sou mesmo eu quem cava o precipício
então, fica
que a gente resolve a cor desse novo dia
que a gente pinta o céu de uma outra agonia
do jeito que disser essa tinta
que agora escorre
a contar gotas
de mim a ti
de ti a mim
e no meio entre os dois
perde-se também um pouco ao vento
perde-se também ao vento,
um pouco desse amor.
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