Eu me violento
Tu me violentas
Sobre a violência o que fica é essa pendência
Do saber que a dor minha é sempre maior em você
Do saber que sou eu quem te fere além do que tu possas prever
Está comigo está guardado
A violência é um presente que te corrige de fato
Toda vez que tu desvias as ruas para não me cumprimentar
Eu começo a usar a violência para sustentar este corpo
Eu começo a usar o corpo para sustentar esta violência
Que diz respeito somente a minha incapacidade de amar
Violência e amor num mesmo gesto
Um é a impossibilidade do outro de ser algum assim tão
Direto
Algo assim tão explicado
Algo assim tão concreto
Violência e amor num só feto
Resta administrar pela pele
A avalanche de sentidos.
Sem o encontro, não pode haver confronto.
Primeiro união, depois desenlace.
Primeiro há construção, depois sua quebra.
Quanto mais se ama mais se mata.
Primeiro nos amamos, depois, nos morremos.
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