Eu estou seguro com você
eu tropeço eu cambaleio
eu estou seguro
em você por inteiro
eu sigo
desse jeito
Nosso tropeçar alterna o passo
hora é você quem cai
noutra sou eu em seus braços
assim
nesse compasso
a velocidade dos corpos
desejos
se atropela
e ser atropelado nunca foi tanto
gesto bom autoritário
Eu peço
deixemos os corpos assim sonolentos
refazendo em cada bocejar
novo arranjo de pernas
e pêlos
Nós dois primeiro
não há pretexto
não há futuro
há só um cheiro
perdido entre os meus segredos
em ti desvelados
em ti,
despejo-me inteiro
e não há palavra que possa dizer
isso que no silêncio do toque
ousamos criar
fazer nascer,
Vale o segundo
na vida uns segundos
nada mais
as horas que passam
nem todas elas são viver
no segundo
preciso tempo medido
o corpo resta vivo
e ser resto
é mesmo tudo ou quase tudo
que eu preciso
Avance
não fale nada
façamos do silêncio nosso abrigo
e nele ouviremos apenas o gemido
fosse gemido o grito incontido
mas doce
mais amigo impossível
no gemido
eu sei o incomunicável do seu íntimo
que se expande e voa além
do que os braços e peitos nossos
podem habitar
Eu estou indo
não precisa falar
eu me levanto
eu visto a roupa devagar
(e entre olhar a meia ao avesso e o seu corpo despido
eu oscilo)
não há que se olhar para trás
não há que se dizer adeus
um mútuo agradecimento
tinge a pele
e esquenta o dia
e no dia há vida
porque na vida
hoje
tive você.
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