eu olho através dessa mesma janela
e o relevo das formas me inquieta
como pode nele haver essa paz
mesmo discreta,
como pode no morro ali da frente
haver um silêncio rangindo entre os dentes
de rochas duras quentes lodeadas
como pode ali na frente da montanha
o céu descer pleno sem revoltância
chocando a chuva e cantando esta noite
que nasce manhã amena
como pode?
eu sendo assim desse tamanho
nesse mundo que por certeza
me é mais muito grande
como eu posso
então
mirar o céu sem cegar
mirar o chão sem cambalear
e se no cambalear for
como nele fazer minha imensidão
como?
eu pergunto sem resposta ou pretensão
eu pergunto
e faz-se chuva ou faz-se chão
as coisas vão e revolvem
e essa talvez seja a condição
ser adubo para a postergação.
adubo para.
independe a destinação.
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