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sábado, 16 de maio de 2015

Ultraviolência

Não comer o maracujá
Hoje tão gelado.

Não morder até o fim
A carne do seu braço.

Não ter despertador
Pois se dorme em nua rua.

Não ver o sol
Porque embriago.

Os hotéis
As paisagens
O café da manhã
Este Jardim Botânico

tudo me violenta
com a possibilidade
do abandono,

A violência do desuso me invade e ultrapassa
Quero comer maracujá com seu corpo disposto
Em mesas e camas
Em cafés e em todas as manhãs

Me violenta
A possibilidade do não
Por isso vou
Feito a marcha adentrando o morro
Eu vou
Com abalos sísmicos a cada passo
Porque me violenta a possibilidade
De a vida ser moleza
Quando ela pode ser ultra
Ultra violenta?

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