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domingo, 10 de abril de 2011

tic!

ela me diz sem anteceder
e sem nisso se desbravar

de lá onde ela está
apenas este tic
já é capaz de nos costurar
e então todo o resto
se apresenta:

o seu gosto
o seu calor
a sua cor
sua presença

eu ouço esse tic
e não posso negar
gosto de fazer jogo contigo
portanto agora escrevo
ao invés de me erguer
e de ti me aproximar

é que dentro, talvez, eu esteja esperando outro pequeno estrondo seu
capaz de me atravessar e me deixar assim como já estou
sedento e definitivo

para enfim, no meio da madrugada
ouvir outro tic seu (sempre o mesmo)
e me erguer nu
em direção à cozinha
com a caneca branca nas mãos
rumo a você, cafeteira
que estala em ti
meu desejo aquecido.

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