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sábado, 31 de outubro de 2015

maestria

sabes falar muito bem, você, hein?

falas como ninguém.

domina as palavras
brinca com os sentidos
e frente aos sustos
procria sorrisos.

que louvor! dádiva, eu diria
tudo você converte em coisa alguma
que sirva a sua própria batida.

sem medo
nem vergonha
o desconhecido
você usurpa.

as palavras que você escolhe
também elas lhe fazem mesura.

aprendeste muito bem
a dobrar o destino
rompeste - cego - a moral
e danças, inerte, sobre o pavor
de todo um povo.

você fuma o cigarro
e digere também o cancro
você imita os perdidos
e de sua dor faz você ilusão
e cânticos

és uma farsa
ainda não divulgada
és um golpe
para estado
ainda em formação.

você não presta
e vais um dia
ser deposto
pela natureza

serás tragado pelo vento
ricocheteado pelos troncos
pelas árvores
serás tu atravessado

e o tronco delas nos seus olhos
permitirá ao mundo enfim
o descanso
dos seus hábitos

tornados hoje tão simples
tão humanos
tão naturais

você não presta
e mesmo que ninguém saiba disso ainda
você desde sempre
sempre o soube.

você é horrível
você morrerá dolorosamente
e em abandono.

aguarde.

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