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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O que se acumula

Cruzado o portão de entrada
nada mais o assustaria.
Subiu lento o caminho de pedras
e percebeu cedo
Cresceram-se as minhas pernas.

Mirou a profundeza da piscina
que mais parecia poça qualquer
cheia de afeto
em forma d'água
Nada mais.

Onde estaria o mistério
que não em si mesmo?

As plantas no jardim
O coqueiro
o poço
Tudo tudo havia ficado menor
Tudo pequeno
E ele
adiante
subiu o quintal e estacou frente à porta de entrada.

Eu cresci muito, pensou.
Eu cresci para além,
teve certeza.

Essa parede era mais larga
não mais
O teto mais céu
não hoje
O branco mais cal
não não

Tudo na palma da mão

Esqueceu que tinha crescido foi?
Ele pôde ouvir as maçanetas todas lhe perguntando
Todas
as maçanetas
ansiosas por seu toque.

A casa quis lhe ter suas mãos
por sobre seu corpo
Quis um abraço atento demorado longo
e então
Sentou-se numa cadeira
e mesmo ela
Pareceu cheiro de infância.

Que mistério pode existir agora
faz 10 anos
essa distância?

Eu olho
fecho os olhos
eu toco
fecho o toque
Cerca
Closer
Meu santo espírito
que belo e confuso
é o homem
e seu instinto.

Foste um dia
embora e hoje
De novo
tu voltas
e pronto:

já não é mais a criança que corre

Agora é o adulto que vê
- desnorteado -
os sobrinhos percorrerem
inéditos
os seus caminhos
já idos.

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