Pesquisa

domingo, 22 de dezembro de 2013

Retorno_02

Estou deitado na rede verde da varanda. São 22h17. Cheguei em casa. A vida me surpreende.

.

Acordei 08h e poucos minutos. Estava sozinho dentro do ônibus. Reconheci, através do óculos escuro, a rodoviária de Vassouras, minha cidade de nascença. Desci apressado, carregando malas e procurando um táxi.

.

Rua José da Silveira Gomes, bairro Madruga. O taxita veio pelo caminho mais longo. Ele me achou estrangeiro. Eu perguntei não tem taxímetro? Ele me disse que cidade como Vassouras, com menos de 50 mil habitantes, o preço do táxi ainda era fixo.

.

13 reais. Desci. Interfonei. Muito rapidamente, pela fresta do portão de madeira, vi meu pai descendo manco a ladeira. Um abraço rápido e ainda hoje desconfortado. Antecipei o encontro querendo evitar sustos e disse, antes que ele abrisse o portão, eh, pai, cheguei de surpresa.

.

Eu vivi meus primeiros 11 anos de vida nesta casa. Mas fazia 10 anos que eu não entrava dentro dela. Hoje, hoje, foi como se ela entrasse dentro de mim, pedindo abrigo e relembrando segredos nossos.

.

Chove. Agora. Meu tamanho faz com que eu me esbarre nas portas, fique apertado nos banheiros e precise iclinar a coluna para lavar o prato. Meus olhos, se se fecham, ainda assim confirmam o detalhe de cada azulejo, cada interruptor, sabemos tudo o que fora um dia e tudo que hoje acabou.

.

Meus sobrinhos correm pela casa como um dia eu fiz.

.

Tenho medo de ser quem eu me tornei e não encontrar espaço. Minha casa é menor do que eu pensava, mas conservo ainda, íntimo, o nosso recíproco cuidado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário