Tentei. Eu realmente tentei. Não me excedi, mas mesmo assim, doeram-me os dedos e a vista pesou, cansada, sobre as teclas deste teclado.
Antes eu conseguia, mas hoje, está impossível. Os temas amenos não são mais meus amigos. Não consigo mais escrever sobre algumas coisas. Não sei falar do céu, nem mesmo sei dizer de sua tormenta (que durante tanto tempo me seduziu imensamente). Sobre o amor, também já não sei. Porque amo tanto que me falta cuidado para apresentar a coisa com a progressão devida.
Não sei falar da cidade, porque almejo suicídio em cada bueiro que por mim passa. Não posso então mais escrever? É isso mesmo?
Eu realmente tentei. Cessei o cigarro, o café, busquei uma forma ou outro de produzir conflito em meu próprio corpo, mas não sei. Tudo segue a mim indiferente. Eu sigo a tudo inconsistente, nada me fere, nada é capaz de realmente me chamar a atenção.
As dores de continentes imensos inteiros e despedaçados. Nem mesmo isso comove os meus passos. Eu sigo parado, buscando em prosa o verso não domesticado. Buscando em versos a batida de um dia que já está morto e pronto, sem variação.
Meu amor, o que foi que aconteceu quando encontrei em ti meu amor?
Meu amor, o que foi que aconteceu que minha máquina drama emperrou?
Te amo, sim, te amo.
Mas para onde foi toda a minha poesia?
Está contigo?
Onde?
Me diz, por favor, pois corro o risco de ficar desempregado.
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