Sentado estava
de novo hoje
sobre a cadeira
de braços.
Olhou para o lado
(não sei dizer qual deles
são tantos)
mas olhou
e se viu no futuro
rastejando.
Fez um soluço secreto
para dentro
uma espécie
sem jorro
de vômito.
Quis ter pena de si mesmo
mas não conseguiu,
é que na área de serviço
de sua casa
a máquina de lavar roupas
deu um grito
e o trouxe de volta
à ordem
das coisas do dia-a-dia.
Pensou, então,
que beleza é essa
de não poder
- repetidas vezes -
escrever sua poesia.
Sentiu orgulho de si mesmo.
Por se achar
somente humano.
Sujo
e carente de banho.
Não houve mais nada
naquela noite.
Esticou as roupas coloridas no varal.
Viu a chuva caindo lenta
lá fora.
E pensou:
amanhã
o sol que vier
terá de secar tudo isso
Porque eu viajo em dois dias.
Que sem graça.
Que vida.
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