a porta fechada | eu abro
a sala apagada | eu acendo
a mochila pesada | no chão a despenco
o som nos ouvidos | eu retiro eu desligo
a roupa colada | eu ando nu pela casa
o tempo | passa
o íntimo gritando | eu esquento um pão faço dele uma torrada
a memória dizendo | eu lavo uma roupa eu a penduro em meio ao vento
um soluço | eu lamento
um susto | eu aqui dentro
uma tremida de mão | um açúcar que me falta
a toalha perdida | eu acabo por encontrar
o tempo | escorre sob o chuveiro
o corte na pele | arde mais com a água entre os dedos
o corte no rosto | me faz mais tempo contemplar um meu olho
o corte bem torto | abro o armário retiro a tesoura preciso cortar meus cabelos assumidamente é essa feição meio louca que carrego no correr dos dias assumidamente é essa feição que me é - e que nela eu vou acreditando estar de pé
mas, sabe?
dentro eu deito pleno e em silêncio uma oração me domina
dentro eu deito pleno e em silência a danação me oprime
como posso ter chegado assim até aqui
como saberei ir adiante - eu saberei adiante ir?
não desisto | não faço café
eu persisto | não lavo uma louça sequer
eu estou triste | durmo mais cedo então
eu estou perdido | mas não vou me procurar
amanhã, quem sabe, o sol indica o caminho
amanhã, quem sabe, eu acordo outra coisa
eu piso por engano num outro destino
por engano, quem sabe amanhã,
eu acerto.
.
3 comentários:
Chega de acertos, precisamos de mais erros!!!
hahahahahhaha
Love you
meio tristinho esse post, né?
te vi em cada verso nessa casa imensa......
"eu piso por engano num outro destino
por engano, quem sabe amanhã,
eu acerto."
isso eu poderia ter escrito. preciso pisar num campo minado e em meio a explosão, quem sabe, nascer de novo!~
me desculpe, não posso deixar de achar a sua tristeza bonita, bonita porque ao te consumir te devolve em poesia, e como é linda...a sua poesia...
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