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sexta-feira, 10 de julho de 2009

resta um minuto

de sensibilidade
um minuto apenas
para nele me despejar pleno
sem medo de ser cúmulo
sem medo de ser maldade

eu persisto
ainda me permito o persistir
por isso talvez vagueando sobre as poças
eu volta e meia venha a nelas me insistir
para ver minha face sobre o céu
para ver-me no chão ondulando
o cintilante véu
dessa noite
ainda noite

não
sinto que como o tempo avança
as coisas todas precisam nisso ir também
por isso nada dura tanto
e nisso há também o ser também
nada dura tanto assim
nada pode tanto durar
a imagem precisa na mente
é de uma alucinação que o corpo meu experimentado
não se quer deixar perder

por isso eu vago nisso perdido
centrado
mas perdido nesse incompreender
porque me dá esses volteios?
porque é assim consigo mesmo?

eu questiono e durmo em dúvidas
eu acordo torto, entortado da vista
com um gosto de morte precipitando as coisas
não quero mais
não quero mais
alguém me ajude a parar com isso
é como se a cada noite
eu já soubesse
amanhã vai ser um suplício
outra vez me erguer vai ser um suplício
eu não quero tombar
eu não quero voltar
essa eternidade poderia em mim persistir
talvez não fosse me importar
mas não
não posso
não temo

eu deito a cabeça daqui a pouco
eu me deito pleno
e o dia amanhã será evidentemente
melhor
porque antes de tudo assim eu o quero
porque antes de tudo
assim eu
o quero.
.

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