Porque é, sendo assim bem concreto mas com reticências no final, insinuando algum protesto ainda por vir...
Mês do meio sim
talvez do meio do caminho
do meio dos desejos que hoje se dispersam
e me deixam só assim
meio sei lá o quê
meio incapaz de te dizer
o tamanho de certas dores
a persistência das mesmas
cores
A natureza desolada não se dispõe
tudo anda muito concreto
tudo anda, muito embora
a sensação seja de ânsia
corroendo pelas pernas
dormentes
sempre dormentes
uma agitação esquisita
uma necessidade de explicar o que
desde já
já não se compreende
Fica! eu sempre peço a quem quer que seja
deixa esse seu rastro esse seu lastro esse compasso
sobre a mesa
a acariciar com calma alguma dificuldade
a persistir em alguma ausência
por isso eu peço eu digo fica!
e deixo sempre uma exclamação no final
para que nunca duvides do quanto te amo
oh, desespero
Você me comove
me desloca me destrói me impõe sua corte
e eu sou sempre incapaz
sempre indelicado demais
para lidar com linhas e curvas
para lidar assim com o que nomeias de corpo
Eu, rouco, sou sempre incapaz
sou sempre demais
ou demais sempre pouco
infértil
impossível
jeito torto de se lidar com a esquina
Por isso, fica!
que eu te faço canção
eu te invento de novo
eu te deixo ser pleno te nomeio criação
e juntos vamos nós a se perder
a perder de vista, amor
o tamanho de nossas faltas
Faz frio aqui, sabia?
Talvez não.
Talvez devesse eu ligar de volta
aquela velha e tenaz canção que foi você
em seu auge
que com ela me descobriu
E tudo ficou fraco
e tudo ficou sorte
e tudo ficou confuso
e hoje eu não sei quando é azar
ou quando sou eu a minha sorte
hoje eu não sei
e não saber
nunca foi tão assim
pleno
não saber nunca foi tanto assim
ameno
aceitável
permitível ao corpo
e à perdição das horas
ser resto
sem melancolia
sem fim nenhum começo
sem protesto
sem ausência
quiçá presença
do jeito natural
como quem volta à terra
para se enterrar novamente
em meio aos vermes
em meio aos...
.
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