Sibilar ao ouvido
Algum gemido há muito contido
No ranger das peles,
Salta um dedo
Corrupto desejo do silêncio
Em mim carrego o peso
Ou a falência de um medo
Posto agora as mãos
Ultrapassem o número dois
Dos dois
O que pode ser um só
Ser
Como pode converter
Um estado um sentido
Na menina ou no menino
Confunde o corpo
Alterna o pensamento
Hora queres mais
Hora queres mesmo
E nunca resta tempo
Para apenas esquecer
Para apenas se perder
Na incapacidade plena que deita em ti
Como pude nascer assim?
Uma interrogação não te leva a nada
E mesmo a um ninguém
O silêncio progride como fosse o novo
Amém.
Alguém me escuta?
Alguém pergunta sem questionar
Eu não sei se foi comigo
Mas o que sinto é de se estranhar
É dentro
Tem remendo
Ou pode mesmo me devorar?
Disse eu mesmo precisar da dor
Que venha de surpresa e me faça tombar
E agora que faço
Tombado no chão pisoteado
Que faço eu se o sorriso quebrado
Junta-se aos cacos
E faz da manhã
O seu mais novo e último
Mosaico prosaico de um lapso
Contornável?
Resto.
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