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domingo, 5 de julho de 2009

certas covas não se escavam.

você sabe que está vivo quando se mata. não precisa ser abrupto, pode ser com calma. na refeição de cada dia, no cigarro tragado após um almoço equilibrado. você sabe que está vivo não por andar alegre e confiante. não sabemos que há vida quando os semblantes todos sorriem desde antes. com o tempo a gente tem certeza que estar vivo não quer dizer estar andando, comendo ou falando. um dia alguém descobriu que sim que sim é possível morrer cantando e falando e seguir fazendo ainda em morte tudo o que transborda a vida. por isso, quando você dentro se debate, é porque há vida demais há vida demais. algo precisa morrer para continuar-se o caminho. alguém precisa tombar para fazer de nós seres menos mesquinhos seres menos sozinhos seres capazes de aglutinar os braços e tocar em mais peles além da nossa. certas certezas são tão abruptas que elas mesmas se auto-digerem e mudam os fatos. a vida tem disso, eu sinto. quando dói mais faz mais sentido. quando é menos colorida é porque algo real nela se escorre. sinto - mais uma vez - que sentirei mais e saberei menos. mais uma vez. mais uma vez.
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não estou confortável. não me sinto bem, estar mal antes de tudo é saber-se vivo. isso eu não discuto com ninguém. é inexorável. é pedra. é duro é fato. certas coisas não se perguntam certas covas não se escavam.
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